15:22Recado aos egoístas desumanos

Enquanto o presidente Bolsonaro diz que “brasileiro não tem medo do perigo”, e volta a criticar isolamento social, na coluna da antropóloga Mirian Goldemberg, na FSP, uma médica de 64 solta o verbo a respeito de quem segue este mandamento de maluco:

“Egoístas. Esses egoístas só se preocupam com o próprio umbigo. O lema deles é ‘Eu só quero ser feliz, foda-se a humanidade. Vão morrer alguns velhinhos, e daí?’. É revoltante ver tanta gente nos bares, festas e praias, sem usar máscara, quando milhares de brasileiros morrem todos os dias. E ainda sabotam a vacinação e xingam de cagão e maricas quem segue os protocolos da ciência. Eles não se sentem minimamente culpados por essas mortes. Como podem ser tão insensíveis e desumanos?”

“É preciso denunciar e combater o horror que estamos vivendo desde o início da pandemia, os comportamentos execráveis que mostram a verdadeira face dos que se recusam a tomar os cuidados básicos para proteger as vidas de quem amamos. Não tenho a certeza de que se as crianças fossem o grupo de risco esses egoístas teriam mais cuidado, compaixão e empatia. Não sei se teriam vergonha na cara e usariam máscara, se não iriam a festas e bares, pois são cúmplices dos psicopatas culpados pelo sofrimento, desespero e morte de milhões de brasileiros”.

“Imagine se as autoridades dissessem sobre as crianças o mesmo que repetiram sobre os velhos, como ‘É só uma gripezinha. A economia não pode parar, só irão morrer alguns velhinhos. Eles iriam morrer mesmo, mais cedo ou mais tarde. E daí?’. Você continuaria dando risadas e apoiando esses monstros genocidas se fosse: ‘A economia não pode parar, só irão morrer algumas criancinhas. E daí’?”

E se as crianças fossem o principal grupo de risco da Covid-19?

Escutei muitas vezes o mesmo questionamento: Seria diferente se as crianças, e não os velhos, fossem o principal grupo de risco da Covid? Será que tantos brasileiros estariam dando festas, indo a bares, não usando máscara e sabotando as vacinas? Será que continuariam apoiando e se identificando com sociopatas genocidas?

Na própria pergunta está embutida uma percepção sobre os valores da nossa sociedade: a vida dos velhos vale menos do que a das crianças.

Quem faz esse tipo de pergunta supõe que a maioria dos brasileiros está disposta a fazer qualquer sacrifício para proteger as crianças. E que os egoístas se negam a seguir as recomendações científicas pois acham que é “uma doença só de velhos”.

Muitos brasileiros repudiam os egoístas, como uma médica de 64 anos:

“Egoístas. Esses egoístas só se preocupam com o próprio umbigo. O lema deles é ‘Eu só quero ser feliz, foda-se a humanidade. Vão morrer alguns velhinhos, e daí?’. É revoltante ver tanta gente nos bares, festas e praias, sem usar máscara, quando milhares de brasileiros morrem todos os dias. E ainda sabotam a vacinação e xingam de cagão e maricas quem segue os protocolos da ciência. Eles não se sentem minimamente culpados por essas mortes. Como podem ser tão insensíveis e desumanos?”

Para ela, o egoísmo é uma doença sem cura:

“É preciso denunciar e combater o horror que estamos vivendo desde o início da pandemia, os comportamentos execráveis que mostram a verdadeira face dos que se recusam a tomar os cuidados básicos para proteger as vidas de quem amamos. Não tenho a certeza de que se as crianças fossem o grupo de risco esses egoístas teriam mais cuidado, compaixão e empatia. Não sei se teriam vergonha na cara e usariam máscara, se não iriam a festas e bares, pois são cúmplices dos psicopatas culpados pelo sofrimento, desespero e morte de milhões de brasileiros”.

Ela pergunta aos egoístas:

“Imagine se as autoridades dissessem sobre as crianças o mesmo que repetiram sobre os velhos, como ‘É só uma gripezinha. A economia não pode parar, só irão morrer alguns velhinhos. Eles iriam morrer mesmo, mais cedo ou mais tarde. E daí?’. Você continuaria dando risadas e apoiando esses monstros genocidas se fosse: ‘A economia não pode parar, só irão morrer algumas criancinhas. E daí’?”

Você conhece algum egoísta? Será que tem cura?

Mirian Goldenberg

Antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio, é autora de “A Bela Velhice”.

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