de Robert Lowell
Andando e andando dentro de um pijama cheio de traças,
com um dedo aumentando o buraco do bolso,
atravessei a biblioteca e encontrei a minha alma
agachada, espiralando-se para baixo dentro de um globo colorido.
O oceano ainda era o velho Atlântico,
sempre o arrogante esverdeado, o branco impetuoso e cruel,
agora mais quente do que o ar. Por outro lado, lá
as bandeiras vermelhas proibiram nosso mergulho. Ninguém nadou.
Uma delicadeza anárquica. Uma loira latina,
dois trapos, amadurecida pelo sol,
adormece solitária usando o braço como travesseiro.
Sem comparação. Somente um grupo de meninos
cabeceiam uma bola mantendo-a no ar,
enquanto o povo passa fome no interior, faz greve e morre –
Américas infelizes, ah tristes tropiques!
e todas as noites, arrancadas pela maré,
as velas de macumba cortejam Yemanjá,
alta, branca, a virgem-sereia do mar
envolta de lírios brancos, no seu véu branco noturno,
caminha sobre as águas. “Estou caindo.
Santa Maria, rogai por mim. Quero parar,
mas perdi o pé de apoio no mapa,
agora caio, caio, desvio, intenso, meu pés
violam as minhas palmas de trovão na rua”.