Você olha a pessoa e ela não está lá. Apenas um corpo sentado à sua frente. Onde ela está você já esteve – e sabe mais ou menos o que acontece. Você sabe que se Jesus Cristo retornar e começar a falar, tentando uma solução para aquilo, também ficará impotente. Quem está dentro do universo paralelo não ouve, apenas sente o chamado para mais uma dose, ou muitas, porque o que um dia foi a descoberta da solução mágica, o de sentir que tudo ficou claro e limpo, ah, isso teve o tempo encurtado cada vez mais, apesar de a quantidade ter aumentado muito. Depois? Depois é sentir, prostrado, aquele buraco da alma que não sabemos como apareceu – e ele vai crescendo até nos engolir e nos arrastar por aí como zumbis sem cor, sem vida, sem alegria, sem se importar com nada, apenas querendo continuar se arrastando nas catacumbas do purgatório, sem dar explicações, para ir levando até onde der. Então você olha de novo para a pessoa, sabe que ela não está lá, mas sabe que é possível voltar. Porque você está aqui faz muito tempo e consegue enxergar – porque saiu de lá.