18:08Fechada há um ano pela Petrobrás, fábrica do Paraná poderia produzir 360 mil m³ de oxigênio por dia

Da assessoria de imprensa da Federação Única dos Petroleiros (FUP)

Enquanto os pacientes com Covid-19 dos hospitais de Manaus estão morrendo sufocados pela falta de cilindros de oxigênio, em meio
ao colapso do sistema de saúde e diante de mais um pico da pandemia no estado do Amazonas, a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Petrobrás no Paraná (Fafen-PR) poderia estar produzindo 30 mil m³ de oxigênio por hora. Isso daria para encher 30 mil cilindros hospitalares pequenos, com capacidade média de 20 inalações de 10 minutos. Se a planta estivesse sendo operada em dois turnos de 6 horas, só a Fafen-PR poderia
fornecer 360 mil m³ de oxigênio por dia. Atualmente, o consumo diário de oxigênio no Amazonas é de 76 mil m³.

A fábrica, no entanto, está fechada há um ano, com equipamentos se deteriorando, enquanto a população sofre as consequências da desindustrialização causada pelo governo Bolsonaro. “A Fafen-PR tem uma planta de separação de ar, que, com uma pequena modificação, poderia ser convertida para produzir oxigênio hospitalar, ajudando a salvar
vidas nesse momento dramático da pandemia, que atinge novos picos em diversos estados do país”, informa o petroquímico Gerson Castellano, um dos 1 mil funcionários da fábrica de Araucária que foram demitidos, após o fechamento da unidade.


Ele explica que a separação de ar é um dos processos que ocorre para a produção da amônia, que é a matéria-prima utilizada na fabricação da ureia, que era o principal insumo produzido pela Fábrica de Fertilizantes da Petrobrás. A planta que faz essa separação do ar tem capacidade de ser operada independentemente da produção da amônia e, com uma alteração simples, pode ser convertida para produzir 30 mil metros cúbicos de oxigênio hospitalar por hora.

“Uma unidade como a nossa quando fecha, não significa apenas a perda de empregos e tributos. A sociedade perde tecnologia e condições de mudar o país. E nesse caso, perde também condições de salvar vidas. A desindustrialização vai muito além do desemprego em massa, ela causa prejuízos generalizados para a sociedade”, alerta Castellano, que é
diretor da FUP e do Sindiquímica-PR.

O fechamento da Fafen-PR foi anunciado pela diretoria da Petrobrás há exatamente um ano, surpreendendo 1 mil trabalhadores da unidade, que foram sumariamente demitidos. Não houve qualquer negociação com a FUP ou o Sindiquímica, o que levou a categoria petroleira a realizar uma greve histórica, em fevereiro do ano passado, que durou 21 dias.
Fechamento da Fafen aumentou dependência da importação de fertilizantes.

O fechamento da fábrica aumentou ainda mais a dependência da agroindústria brasileira da importação de fertilizantes. A unidade garantia o abastecimento de cerca de 30% do mercado brasileiro de ureia e amônia. O encerramento da Fafen-PR também impactou fortemente os moradores da região de Curitiba e Araucária. Alguns trabalhadores tinham
mais de 20 anos de casa e ainda não conseguiram se recolocar no mercado de trabalho um ano depois.

Operando desde 1982, a Ansa/Fafen-PR foi adquirida pela Petrobrás em 2013. Usando resíduo asfáltico (RASF), a unidade produzia diariamente 1.303 toneladas de amônia e 1.975 toneladas de ureia, de uso nas indústrias química e de fertilizantes. A planta também produzia 450 mil litros por dia do Agente Redutor Líquido Automotivo (ARLA 32), aditivo para veículos de grande porte que atua na redução de emissões atmosféricas. A planta
ainda tinha capacidade de produzir 200 toneladas/dia de CO2, que é vendido para produtores de gases industriais; 75 toneladas/dia de carbono peletizado, vendido como combustível para caldeiras; e 6 toneladas/dia de enxofre, usado em aplicações diversas.

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2 ideias sobre “Fechada há um ano pela Petrobrás, fábrica do Paraná poderia produzir 360 mil m³ de oxigênio por dia

  1. Artur

    Sr. Castellano, com o dinheiro perdido pelo pêtê no caso da refinaria de Pasadena poderíamos comprar que quantidade de oxigênio? Só prá fazer uma comparação.

  2. Gerson Castellano

    Prezado Artur, a refinaria de Pasadena na época era uma possibilidade e necessária. Assim como hoje, os ganhos maiores são no refino e não na exploração. Infelizmente a retórica e a polarização política fez com que as pessoas olhassem apenas um momento dos investimentos. Tanto é que não foi constatado crime algum nesta operação, comum em todas as empresas do ramo de petróleo. Adquirir e vender ativos. Pena que no Brasil hoje apenas estão se desfazendo e destruindo a indústria nacional. Sempre a disposição para esclarecer. Abraços

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