18:21ZÉ DA SILVA

Caneta azul, azul caneta. Pedi a entrevista. Aceitaram. Fui de bloquinho e ela ali no bolso na camisa. Bic sem clic. O acordo era nada de celular, gravador, câmera, etc. Confiei. Mas não tinha nada a perder. Se houvesse câmeras escondidas no gabinete, o que fazer? Entrei. Cumprimentei com o sorriso falso. Ele com o dele onde só faltou a baba escorrendo no canto da boca. Olhei o pescoço. Ela pulsava. Perguntei sobre projetos, a vida no poder, etc. A cada frase ele ria, como se fosse sabido. Aprendi a controlar o espírito. Estava frio. Mas só por fora. Sabia qual seria a hora. Então, cutuquei e ele se irritou. Saiu da cadeira atrás da mesa. Veio pro me lado. Levantei. Empunhei a caneta e enfiei. Na carótica. Golpe seco, preciso. Tirei. O sangue espirrou, espirrou, espirrou. Olhei a Bic. Azul – e vermelha.

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