DIÁRIO DA PANDEMIA

(*) O condomínio ficou um alvoroço. Juntava-se pólvora de todo mundo. Quem tivesse um naco desse artigo mocozado, nem que fosse recordação da Guerra do Paraguai, era instado a entregar. Não adiantava dizer que era para consumo próprio. A síndica andava de um lado para outro, como um desses bezerros que querem escapar do curral e ficam campeando vão de cerca. Toda a pólvora do condomínio estava, agora, em suas posses. “Vamos ver o que se pode fazer com o que temos” – disse a simpática megera. “Vamos invadir os Estados Unidos!” – disse o menino do capitão que pincha água fora do ofurô. Mas o cara do bloco A, não sei o nome dele, jogou um fósforo no tesouro e ouvimos um fush de pequeno porte. A síndica rasgou a calcinha em sinal de protesto.

(*) Não foi fácil conseguir sementes de croroquinhas. Tive que mandar vir da China. Só faltava agora me proibirem de exercer minha agricultura. Meu agronegócio, vamos dizer.  Plantei, deram-se bem no nosso clima, já estão umas meninas muito bonitinhas. Não vejo a hora de convidar alguns amigos pra fumar comigo.

(*) Teve um patusco aí que disputou o troféu de Idiota do Ano, quando deu um encoxes numa coleguinha, durante a aula. E nem estão na mesma sala. Foi, portanto, um encoxes não consentido. Porque uma coisa é a pessoa permitir o encoxes, outra coisa é o cara ir tomando conta do pedaço. A menina subiu nas tamancas e disse que ia se queixar pro diretor do colégio. Só quero ver se vai dar em alguma coisa.

Filme: A LAGOA AZUL, com Brooke Shields e Christopher Atkins – Um mané vai pescar tainhas num lago e é advertido por um funcionário do Meio Ambiente que não pode pescar em águas internacionais. O mané roga praga no fiscal.