De Noel Rosa e Vadico
O cinema falado
É o grande culpado
Da transformação
Dessa gente que sente
Que um barracão
Prende mais que um xadrez
Lá no morro, se eu fizer uma falseta
A Risoleta desiste logo do francês e do inglês
A gíria que o nosso morro criou
Bem cedo a cidade aceitou e usou
Mais tarde o malandro deixou de sambar
Dando pinote
E só querendo dançar o fox-trote
Essa gente hoje em dia
Quem tem a mania da exibição
Não se lembra que o samba não tem tradução
No idioma francês
Tudo aquilo que o malandro pronuncia
Com voz macia, é brasileiro, já passou de português
Amor, lá no morro, é amor pra chuchu
As rimas do samba não são “I love you”
E esse negócio de “alô, alô, boy”
“Alo, Jone”
Só pode ser conversa de telefone.