(*) O cara falava sobre indicações de cargo e, ao usar a palavra indica, a plateia perguntou: “O senhor disse indica ou índica?” “Falei indica”. “Entendi errado. Se fosse índica a gente fumava”. Os rapazes, aqueles, os dois que ofuram na água que eu pago. Pois é. Estou aqui, tranquilo, pensando na morte da bezerra quando começo a ouvir aquele papo meio cochichado, meio pidoncho: “Que lindo, deixa eu pegar”, e o outro responde: “Ver, pode; pegar, não”. “Pegar só um pouquinho, assim que nem você está pegando”. E lá ficaram os dois no pega ou não pega. Maldei, claro. De manhã, vejo os dois saindo. O capitão levava ao colo um bicho que me pareceu ser um suricato. Só aí fui entender o lance da madrugada. E estava eu de novo pensando na morte da bezerra, com o olhar parado no nada, cabeça nas nuvens. Vem o Cuerbo Morales e me diz “Nós fumo”. Respondi na lata: “Gosto”.
(*) Eu não sabia, pô. Por que que nunca ninguém me falou nada? O país atravessando uma pandemia e vocês tratando a coisa como se fosse uma gripezinha. Acabei de chegar de Marte e encontro tudo fora do lugar. Quem foi que botou um taifeiro na Saúde? Quero o nome do irresponsável. Por que ninguém me informou que os americanos elegeram novo presidente? Faço minhas as palavras do Capitão Corisco no filme de Glauber Rocha “Deus e Diabo na Terra do Sol”: E eu lá pelas Alagoas não sabia de nada. Espero que alguém tenha mandado contratulações, crontatu, isso aí, talquei, contragulações ao Presidente Bush. E o que é que andaram falando da China, nosso maior parceiro comercial? Ces tão louco? Os chineses são manos. Quero ser o primeiro a tomar a vacina dos amarelinhos, ihihih, é brincadeira, isso pode parecer perseguição racial. Deus acima de tudo, eu acima de Deus, e seja lá quem for não estou para ninguém. Brincadeirinha talquei, bang bang, vi você atrás da pilastra.
Filme – OVOS DE OURO (Javier Bardem, Maria de Medeiros; direção de Bigas Luna) A História se passa num galinheiro, com Maria Medeiros no papel de Ema e Javier Bardem no papel de croroquinhas.
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