DIÁRIO DA PANDEMIA

(*) Dona Mimi Magalhães de Albuquerque, née Silva, teve a ideia de lançar a burka no desfile de moda assinado por ela. Uma burka toda trabalhada, com pedrarias, fitinhas e paetês. Não sabia como a sociedade ocidental iria receber a coisa, mas a senhora sempre foi muito ousada em seus desfiles. Haja vista a ideia de lançar a moda da cueca feminina. Cuecas especiais, com desenho aerodinâmico, seja lá o que isso signifique, e sempre em cores pastel, empadinha e quibe cru. A ideia do quibe foi uma homenagem aos países que adotam aquela vestimenta. A vestimenta a que me refiro é a burca, e agora é que vou falar da cueca. A adesão às cuecas floridas e empasteladas foi o maior sucesso entre garotos adolescentes que passaram a usar a novidade como rebeldia, o que é comum entre garotos adolescentes. Comum, não o fato de usarem roupas de mulher, o comum é ser rebelde na adolescência. Quem não foi? Já muitos pais e mães viam a coisa como uma ameaça e passaram a castigar os garotos que usassem aquelas calcinhas. Teve o episódio do menino que foi obrigado pelo pai a assistir a Santa Missa vestindo salto alto, sutiã meia taça e – é claro! – a tal calcinha formosa. O padre fingiu que não viu e tocou a missa. Os pais achavam que envergonhando o filho estavam fazendo o pivete tomar vergonha na cara. Nem te conto o rumo que o garoto tomou. Mas, sim. O uso daquela peça virou febre entre a piazada pubescente, por mais facilmente se infiltrar no rebanho das gatas, uma vez que é a farda que iguala as pessoas. Dona Mimi nunca soube que alguma mulher aderisse ao uso da tal cueca. Atirou no que não viu e acertou no que nem sabia que estava lá. Mas os pedidos nas lojas de vestuário multiplicavam-se, e isso fazia da senhora uma vencedora. Mas, sim. Eu ia falar da burka, e me deixei empolgar.

Filme – PARA UM SOLDADO PERDIDO ( Voor Een Verloren Soldaat), com Maarten Smit e Jeroen Krabbé) – Drama de um capitão perdido num mar de croroquinhas.