Ela vem como uma rede inesperada no oceano da vida. Peixe embaraçado é puxado para fora. Sobra ar, falta água. Sempre é de repente. Às vezes depois de um espetáculo como nos documentários do Jacques Cousteau. Então você vai à praia e fica olhando aquilo tudo e imagina. Sim, também tem sereia e Iemanjá. Mas, de repente, a rede. Ela cai como se eu fosse Jim das Selvas no seriado em preto e branco. Estou confuso? Melhor pensar que foi antes da areia movediça – e dela saí faz tempo. A rede da tristeza momentânea. Acontece. Que bom que não me puxaram para o barco e a faca um pouco cega não me degolou. Então, de volta à imensidão profunda, que é o que nos resta. Olho para cima e vejo o sol varando tudo. Depois vem a lua. Consigo ver estrelas. Mas sei que ela vai aparecer de novo. A rede.
Diz que tem de levar duas moedas pro barqueiro e duas para os olhos. Se não inflacionou.
As vezes sento numa pedra observando o mar bater nelas.Quantas vezes a água do meu corpo se juntou e vagou por ai;.