DIÁRIO DA PANDEMIA
(*) Um distúrbio passou por aqui, perguntou o caminho para Brasília. Dei de ombros e ele sumiu através da porta fechada. Agora estamos assim. Distúrbios entram e saem, sem hora marcada, pensam que aqui é casa de mãe joana. Outro dia foi um malentendido. Interfonou da rua, se eu podia atende-lo. Disse que não o conhecia. Faltou chorar. Disse que todos neste país convivem com malentendidos. Mas o cúmulo da desfaçatez foi o fakenews. Teve a audácia de vir bater na minha porta. Apresentou-se fisicamente, eu que pensava que esse tipo de gente só existisse no virtual. Pelo olho mágico vislumbrei um ser com sete caras diferentes. Prometi-me ficar uma semana sem fumar. Um lufa-lufa no corredor. Um vizinho abriu a caixa de Pandora. Todo mundo escapou. A primeira que pulou fora da caixa foi a Esperança. Não foi longe. Apanhada a pau e pedra, virou purpurina.
(*) Ainda bem que tenho um cachorro para me fazer companhia. Meu pet não fala, é claro! Mas ele estava me contando do Feps, que conheceu em Palmeira, e eu disse a ele que também tinha morado em Palmeira. Me perguntou se eu tinha conhecido o Feps, um cara assim-assim, cabelo preto, focinho delicado, troncudo de carnes, um bom sujeito. Disse que eu não me lembrava. Cuerbo Morales estava ali, se aninhando, só não vá me botar ovos sobre minhas orquídeas. Abriu o bico para dizer: “Como que não lembra do Feps? Ele estava sempre na Rua Padre Camargo. Quando eu ia na tua casa filar sequilhos que tua mãe fazia, cansei de ver ele e o cachorro Bombeiro”. Jolim até ajudou: “Isso mesmo. Parece que havia um lance entre os dois”. Cortei o papo: “Querem saber duma coisa?” Me levantei e fui passar um café. Senti saudade dos sequilhos de minha mãe.
(*) Achei muito apropriada a frase de vosso líder no tocante ao aumento no preço da energia elétrica. Disse o brilhante estadista: “Apague a luz e tome banho rápido”. Isso abre um leque de possibilidades. Primeiro que não vejo a necessidade de tomar banho cada vez que apago a luz, a menos que estejamos num quartel. Segundo que com o banheiro às escuras ninguém é de ninguém, e isso me coloca definitivamente no banheiro do quartel. Já a rapidez do banho no escuro exigida na declaração faz sentido, e vamos que alguém chegue de repente. São coisas a que devemos estar atentos porque um sabonete que cai pode ser o primeiro passo para começar uma amizade ou algo mais.
PARA NÃO ESQUECER DE HELENA KOLODY: “Quando nascemos ganhamos uma estrela. Uns fazem dela um sol, outros nem chegam a vê-la”.
Estão chamando de Quaresma as festas de fim de ano,vai ser um Natal sem carne que beira os 50 reais o KG
De Alfredo Ritecóqui… “Um sabonete que cai”…