DIÁRIO DA PANDEMIA
(*) Cuerbo Morales ficou duas horas olhando para o Jolim. O Jolim ali, quieto. Quando cheguei com o almoço do pet, a ave disse o seguinte, antes de pirar dali: “Gastar ração com essa gentalha!”
(*) Duas vizinhas conversando. “Mimi. Era uma cadelinha preta e marrom. Delicada no comer. Até parecia que nasceu em berço de ouro. O cara não gostava dela. Deu um chute, quebrou costela, o bicho levou três dias pra morrer. Chame um veterinário, ela está sofrendo”. E ele: “Ela morre logo, vai ver”. “Não morreu logo, levou três dias”. A outra vizinha: “Ora, morte de animal não conta”.
(*) O pai criava cabritos. A gente agarrava amor pelos bichinhos. Pai volta e meia sangrava um. Me dava uma pena! Mas comer você comia. Mas, nunca matei. Nem sonhando que eu matava. O bicho foi criado para morrer mesmo. Só matar cachorro que eu acho judiação.
(*) Tínhamos uma plantação de galinhas, marrecos, coelhos, algumas ovelhas e uma vaca. Comi algumas aves, com remorso. Estavam sobre a mesa e precisávamos nos alimentar. Comia, mas com remorso. “Eu nunca senti remorso das galinhas que comi” – uma voz às nossas costas. “Não estamos falando das mesmas galinhas” – disse meu pai, que era meio comunista. Mas, nós outros nos levantamos, batemos continência para o cara e começamos a cantar o Hino Nacional.
FRASE DA PRINCESA ISABEL, COM A CANETA NA MÃO: “Vou assinar, mas não vai adiantar nada”.
Pois é Padrella,a gente tem iniciação com as cabritas e quando mais velhos as emas.
O Jolim corre perigo com esse Cuerbo com dois cinturões de cartuchos e uma pistola enorme.