Na madrugada a notícia chegou e ficou esperando para o anúncio triste. Orlando Kissner, o Polaco, escreveu no mail: “Zé, acabo de saber que a Mara morreu”. Não precisou dizer que era a nossa eterna musa, a Mara do Kapelle, o bar nosso de toda vida, porque era mesmo catedral onde um anjo tomava conta dos perdidos na noite e sempre foi apaixonante nas décadas e décadas onde nos abrigou, na Barão do Cerro Azul, onde nasceu em 1974, e depois na Saldanha Marinho. Somos uma legião de órfãos – e eu não bebo há 30 anos. Em uma de minhas últimas passadas por lá, para ver a Silmara Rocha, nome que não combinava com o ambiente, porque o sobrenome sempre foi o nome do bar, dela, Mara, de maravilhosa, a convidei para uma entrevista num programa de rádio, o Musga da Cachola. Ela abriu aquele sorrisão, agradeceu com sua voz rouca de derreter corações – e foi. Mais uma hora de aprendizado registrado em alguma fita que, talvez, tenha sido apagada, mas, que importa, jamais desaparecerá aqui de dentro. Uma que ela contou e é o seu retrato: “Outro dia recebi uma carta de amor de um freguês antigo. Tinha bichinhos desenhados. Mas escreveu apaixonado com ch. Aí, não dá! Com ch não dá para encarar”. Depois já a encontrei doentinha, mas sempre no bar, onde até morou por muito tempo. Paro aqui, estou cansado de escrever sobre os que foram antes do tempo e nos deixaram nestes tempos de trevas. Muitos, por coincidência, rezavam ali naquele espaço onde só se tocava música brasileira e se lavava a alma e onde se tinha certeza de ficar bem, antes, durante e depois de algumas, porque ali estava ela, soberana, tranquila – e linda. Há um time respeitável de frequentadores que partiram antes, inclusive o Anésio, garçom de anos e anos. Todos, os vivos e os mortos, estamos com ela.
Caro, realmente uma perda…conheci o bar no final dos anos 1980…assim que entrei no bar, eu e um grupo de jornalistas de São Paulo, fomos recebidos pela mara…muito agradável e simpática. …jamais vamos esquecer a Mara e bar…lugar de muitas histórias. ..mais uma saudade que fica….descanse…
Sei como é isso. Também parei de beber. Desde 27 de Julho de 2007. Uma vantagem. Não virei aquele ex bebum chato que fica aprofundando os que permanecem cos umbigos colados nos balcões. E sempre vi nos donos dos butecos, todo tipo de gente. Nos garçons também. Uns, de vocação sacerdotal, recebem nossas confissões, outros, cientistas políticos, alguns, conselheiros matrimoniais, dezenas de financistas, mais os jornalistas, eteque. Solidário na tristeza.
Nossa , que notícia triste! Muita luz pra Mara, muita força pra família.
Curitiba não vai ser mais a mesma. Descanse em paz Mara
Zé Beto, comovente seu texto. Carinho sincero para a Mara que empreendeu a viagem. E para os que ficaram neste território transitório, sentindo a partida. Muito belo, doce, singelo.
‘não adentre a noite mesmo com ternura,a velhice clama e queima…frase copiada do filme”interestelar”o melhor filme desse gênero que assisti e nos faz pensar na brevidade que é uma vida.Meus sentimentos.
Que tristeza! Grandes momentos vividos nesse icônico bar de Curitiba. Meus sentimentos a toda a família.
Mara, muito triste saber que vc se foi! Nunca fui no teu bar mas o meu irmão IRAJÁ era assíduo por lá e teu fiel escudeiro!! Descanse em paz, querida, e se encontrar meu irmão diga que nós ainda amargamos a ausência dele!! Até um dia! Jupira
Zé Beto, sou mais órfão nesse grupo!
Maravilhosas lembranças da Mara e do Kapelle.
Suas palavras retratam com absoluta fidelidade os nossos sentimentos!
Certamente a Mara já foi recebida em seu novo Lar com festa, pois nós perdemos seu convívio, nas o Céu está feliz com sua chegada!
Em nome do Zeba, alguma piada sem graça e muitas lágrimas… tá te esperando no inefável…
Minha querida amiga, fizemos madrugadas de opera no Kapelle, fizemos noitadas memoráveis de rock, de jazz, com nosso querido Dito, e outros maravilhosos e Laís e as outras maravilhosas cantoras que assistimos no templo da boa música de Curitiba. Te amamos Cris te amamos Mara vc vai pra mais uma nova etapa um dia vamos rir mais uma vez com sua voz rouca e sedutora , até breve