por Reinaldo de Almeida Cesar

Não há nada mais gratificante na atividade policial do que um bem-sucedido resgate de refém. Talvez só seja equiparado aos valorosos policiais militares ou bombeiros que, por vezes, improvisam um parto de gestante na viatura, quando atendem uma ocorrência. Há uma dinâmica própria no fenômeno criminal do sequestro. A tensão é sempre crescente, há um frisson coletivo, a família tomada pelo pânico hesita em obedecer as corretas orientações ditadas pela boa técnica dos policiais e o refém em cativeiro desconhecido é passageiro da incerteza. O relógio anda a passos largos. Uma espessa névoa separa a vida da morte. Ao final, a entrega da vítima ao retorno do aconchego seguro da sua família é momento sublime, de fortíssima carga emocional. O Paraná pode se orgulhar de ter não somente as melhores polícias civil e militar do país, como também abrigar uma unidade de elite dedicada exclusivamente ao combate de sequestros – o Grupo TIGRE, da Polícia Civil. Criado pela visão estratégica do experiente gestor público José Maria Correia – ao tempo em que foi delegado-geral da Polícia Civil, a unidade desde o início recebeu consistentes investimentos, a devida capacitação de seus integrantes, e muito rapidamente se tornou uma referência nacional. Pela atuação exemplar do TIGRE, o Paraná restou imune ao crime de sequestro, numa época em que casos se tornavam famosos em outros centros, como ocorreu com o empresário Abílio Diniz e o publicitário Washington Olivetto. De lá para cá, o TIGRE só cresceu em preparo técnico, no índice de solução de casos e na admiração entre as forças de segurança. Uma das coisas que mais me orgulho, quando trago pela lembrança minha passagem no cargo de secretário de Segurança Pública, foi ter ajudado a solucionar uma crise ocorrida numa ação tática do TIGRE no Rio Grande do Sul, coisa própria dos riscos da atividade policial. Lembro com exatidão do dedicado delegado-geral Marcus Michelotto – um verdadeiro líder na corporação – interrompendo minha ceia de Natal em família para tratarmos daquele aflitivo caso, depois felizmente resolvido, após dias de muita angústia e solidariedade. Numa visita que fiz ao TIGRE, recebi do exemplar e veterano policial Luércio Turra, em nome de nome de todos os integrantes da unidade, a camiseta do TIGRE, que guardo com carinho e muito respeito. Toda reverência e reconhecimento que pudermos fazer ao TIGRE e aos seus policiais, estará sempre muito aquém do merecido. Vida longa ao TIGRE.

*Ex Secretario de Segurança do Paraná e Delegado da Polícia Federal