DIÁRIO DA PANDEMIA
(*) Quando não se tem esposa, se tem um cachorro. É a mesma coisa na medida que ambos são meio virtuais. Nem ela me manda levar o lixo pra fora, nem ele me solta pulgas. Convivia bem tanto com um como com outro. É quando um cachorro e uma esposa têm a mesma importância. Pensando bem, acho até que prefiro o dog.
(*) Já é madrugada e o sono não vem. Voam pombos silenciosos, em câmara lenta, os olhos querem se fechar, o corpo querendo se abandonar… e atravessa o quarto uma bunda assustada. É uma bunda gulosa, rica em cédulas de Real e em animais selvagens. Mais uma tentativa: Penso no jardim que tínhamos naquela casa em Palmeira; nos canteiros lesmas amarelas passeiam sobre o verde das alfaces. O sono caminha comigo com passos de passarinho. É quando a Polícia se põe a perscrutar as intimidades senatoriais e o sono se perde entre alfaces e caramujos.
(*) Ouvi os vizinhos discutindo, e um mandou o outro tomar no cofrinho do senador. Seja lá o que isso signifique.
(*) PAPO QUE ROLA NOS BOTECOS: Onde se lê “não há corrupção no meu Governo”, leia “no meu Governo a corrupção abunda”.