DIÁRIO DA PANDEMIA
(*) Tem o boi bombeiro, que é a mais recente aquisição do atual governo. Acho que ele é chamado assim por possuir mangueira grande. Tem o bumba meu boi. Tem o boi mamão, que sempre mamou nas tetas do Governo. Tem o boi de piranha. Tem o boi de coice. Tem o boi da cara preta, mas não sei se é politicamente correto dizer assim. Tem o boi-em-pé, enfim, tem uma porrada de boi nos rebanhos da vida. Todos eles são componentes da boiada que vem sendo passada enquanto medra a pouca vergonha no país.
(*) Maldei. Os dois ofuristas do andar de cima – o capitão e o seu cacho – não praticam o banho coletivo. Acho que é cada um na sua ofuragem. Digo isso porque passei a ouvir com clareza a piscina sendo enchida à certa hora da noite e, não raras vezes, também ao albor da aurora. Maldei que ofuravam juntos porque eu ouvia a conversarada dos dois durante o banho.
(*) Levantei de noite pra tomar água. Dei uma olhada na sala onde está a triste figura de Marylin. Uma fresta na cortina deixou entrar um feixe de luz, que incidia sobre o cadáver. Confesso que até eu me assustei. Era pouco mais que uma cabeça essa que até ontem foi minha companheira. Voltei para o quarto, esquecido de beber água. O cachorro levantou as orelhas quando me viu entrar. Ele dorme no meu quarto, com medo da loura fantasma.
GRANDES FRASES ESCLARECEDORAS: “Via de regra é uma coisa bem diferente, menina” – Carlos Lacerda ensinando uma estagiária na redação d’A Gazeta do Povo, nos anos 60, diante de Francisco Cunha Pereira Filho e esta besta que vos tecla.