12:32ticiana vasconcelos silva

Um fantasma à meia-noite
Disse-me que a noite
Era o brilho da manhã
E se prostrou a meus pés
Porque dizia que eu era
A mordida da maçã
Quando o homem viu
Pela primeira vez a luz
Do firmamento
E não entendeu
De onde vinha
Seus olhos agora fechados
Para sempre
Olhai os lírios do campo
Repetia em voz alta
Mas ele dizia o que não via
E eu presenciei a dor
Do homem que mentia
Por ser mera fantasia
De seus sonhos
Agora lúcidos e vermelhos
Seus olhos cobriam
A cor do primeiro beijo
E eu fingi que sentia medo
Porque o pobre fantasma
Era minha tímida lembrança
De que um dia
Eu fui usada por um segredo
Que fez cair uma alma
Que me fez um mero brinquedo
Nas mãos que apodreceram
Sem respeito
A mim, a todos nós
Porque se sou uma a sangrar
Somos muitos a chorar
E assim eu acordei
Com a lua em derradeiro
O fantasma se foi
E eu fui ser o selo

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