DIÁRIO DA PANDEMIA
(*) O bichinho chegou no meio de uma tarde mansa como seu olhar. O rapaz do delivery estava com a cachorra. Não me refiro apenas ao animal que eu havia comprado. Estava com a cachorra quero dizer uma acompanhante tipo fumei. Bom, não vem ao caso. Ele deixou minha encomenda no vestíbulo e foi embora com sua cachorra. A caixa era igual a que trouxeram Marylin, a queimada. A síndica ergueu uma sobrancelha. É sua maneira de mostrar descontentamento. Viu que era um dog na caixa (ela abre a correspondência de todo mundo). Me disse na maior cara de pau: “Preferia quando o senhor privilegiava mulheres”.
(*) Quem veio me visitar foi Teresa, essa mulher que foi minha força, minha coragem, meu ninho. Chegou numa hora que eu estava descuidado, começou de arrumar as coisas em seus lugares, eu disse pare com isso, Teresa, deixe que eu arrumo depois. Eu nem lembrava que ela tinha ido embora, era como se nunca tivesse partido, estava ali na minha frente, viva na minha saudade. Antes de ir embora perguntou o nome do cachorro.
(*) Escreveu Michel de Montaigne: “Opinião e bunda cada qual tem a sua. Há os que a preferem reservar, outros que a preferem dar. Estes, via de regra, a dão para gozo de poucos e reprovação de muitos”.
GRANDES PENSAMENTOS BOVINOS: “………….”
Ao deparar-se diuturnamente com necessidades caninas (sólidas e líquidas) espalhadas pelo apartamento, sentirás saudades de Marylin!