por Roberto Salim
O velho Silva partiu nesta semana, aos 80 anos, mas as histórias resistem na imaginação de quem o viu jogando, vibrando com seus gols. Nos filmes. Nas crônicas de Nelson Rodrigues. Nas reportagens. Nos teipes. Nos times de botão, nas figurinhas. Nos belos gols no Maracanã
Entrar no apartamento de Silva Batuta na Rua Santa Clara, em Copacabana, era entrar na história do esporte nacional. Você queria falar de Pelé, podia, porque Silva jogou com ele. Queria falar do São Paulo e do jovem Morumbi, podia também, porque Silva começou lá. Queria falar do futebol do interior paulista, claro que podia, porque o Batuta nasceu em Ribeirão Preto. E podia falar do futebol argentino, porque ele foi artilheiro lá. Podia falar do Barcelona, porque jogou na Espanha. Podia falar da fiel torcida porque jogou no Corinthians. E podia falar da Seleção Brasileira, porque disputou a Copa de 1966.
Mas um pouco mais do que tudo: Silva era o Flamengo.
Não bastasse isso, e a família Batuta ainda carrega esporte no sangue.
O velho Silva partiu nesta semana, aos 80 anos, mas as histórias resistem na imaginação de quem o viu jogando, vibrando com seus gols. Nos filmes. Nas crônicas de Nelson Rodrigues. Nas reportagens. Nos teipes. Nos times de botão, nas figurinhas. Nos belos gols no Maracanã. E no fantástico livro Silva, o Batuta – o craque e o futebol de seu tempo, ilustrado como poucos, que conta toda sua história.
Eu acompanhei a carreira do Silva como fã do esporte.
Como moleque que não perdia um jogo no Morumbi, no Pacaembu, no Parque Antárctica ou na TV.
Mas eu não fui parar no apartamento do Silva, no Rio de Janeiro, por causa dele.
Fui lá porque a filha de Silva foi atleta, uma barreirista de muita técnica. Vânia foi ganhadora dos 100 metros com barreiras por quatro vezes no Troféu Brasil e mais duas vezes em Sul-Americanos.
Depois se formou e tornou-se técnica de respeito.
E na ocasião em que estive na casa dos Batutas, ela já era treinadora de atletismo de alto nível.
É hoje da equipe olímpica do Brasil e um de seus atletas, Aldemir Gomes, é um dos principais velocistas do país.
Além dela, os irmãos jogaram bola.
Profissionalmente.
Até fora do Brasil: Waltinho e Wallace – hoje eles são treinadores.
E a mãe?
A mulher do Silva Batuta jogou basquete para valer, no time de Ribeirão Preto. Dona Marta jogava no time da cidade, no Ginásio da Cava do Bosque.
E correu também os 100 metros rasos.
Para completar, o marido de Vânia, genro do Silva, foi lutador de muay-thai: André Valentino da Silva.
E os netos?
Walter Matheus é judoca.
Maria Vitória joga vôlei.
Jonathan joga basquete.
Todos defendendo as cores do Flamengo.
E só para contrariar, Jéssica – a primeira neta –, cursa Relações Internacionais. Em Paris.
Como se vê, Silva partiu, mas deixou um verdadeiro legado olímpico. E cabe aos herdeiros dessa turma Batuta continuar essa história linda que o vovô começou a escrever.
*Publicado no site ULTRAJANO