Vi um enorme saco plástico azul saindo pelo corredor. Fotografei com a mente, porque a câmera estava na mão e, por algum motivo, não apertei o disparador. Há muito tempo alguém me disse isso – e ficou. Em alguns momentos o melhor é apenas olhar. Por isso nunca me arrependi de não ter nem o celular à mão – e ter visto um imenso sol vermelho sobre os telhados de Paris num fim de tarde. São meus estes momentos. Um triste, porque havia um corpo dentro do azul. Outro de felicidade, que completou o fato de estar ali na cidade que é. Recentemente um pedacinho de arco-íris, produzido pela cortina da cozinha, fez pequena paleta de cores numa lajota do piso. Registrei. Como se fosse ali o pote. E era. Pois é aqui onde vivo e onde conto histórias.
Zé Burrâo também é Silva….