por Jamur Jr.
Alguém já disse, mas se não disse fica dito: estamos vivendo a época em que o talento não sobrevive sem o marketing. Pior que isso: o marketing cria talentos inexistente. É a vida moderna da comunicação rápida e eficiente, que favorece os mais audaciosos na grande corrida para ser celebridade em quase todos os setores da atividade humana.
O craque de futebol, que já é conhecido, quer ser a grande celebridade do setor. O mesmo ocorre com artistas, políticos, jornalistas etc. E quem ainda não chegou no primeiro degrau da escada que leva ao ninho das celebridades, luta desesperadamente para alcançar seu objetivo. A vida moderna é assim e a gente vai se acostumando, mesmo não gostando.
Num tempo não muito remoto em que foi inaugurada a primeira emissora de televisão do Paraná, a TV Paranaense (Canal 12), os talentos que ali foram descobertos nunca chegaram ser celebridades, como se conhece hoje. Os recursos de divulgação eram poucos (jornais, rádios e algumas pequenas revistas do setor), não eram suficientes para descobrir, enaltecê-los para que estes conseguissem chegar no mundo deslumbrante das celebridades.
Por uma questão de justiça e reconhecimento permanente de um talento sem igual na história da televisão paranaense, deixo meu registro e minhas homenagens a um de nossos. Um profissional que viveu uma vida de humildade e recolhimento nos seus afazeres, sem preocupação de auto-promoção, marketing pessoal, essas coisas.
Com sua espetacular vocação para as comunicações, como criador, diretor, produtor, ator, autor etc., Renato Mazaneck, pioneiro da televisão, com quem tive o prazer trabalhar em 1961, foi aprendiz e mestre em seu ofício. Ensinou e orientou colegas, realizou prodígios na produção de programas – sempre com a mesma preocupação: fazer tudo muito bem feito. E fez, sempre!
Renato começou no rádio onde foi operador de som, sonoplasta, produtor, locutor, radioator, diretor. Daí veio o convite de Nagibe Chede para assumir funções na nova TV. Nada sabia desse novo veículo que chegava s Curitiba numa época em que nem aparelho receptor de televisão havia para vender no mercado. Ele começou a trabalhar, pesquisar e aprender. Em pouco tempo tornou-se um dos grandes especialistas e criativos diretores.
Exerceu suas funções na primeira emissora de Curitiba antes de abrir sua agência de propaganda. Na TV fez milagres no pequeno estúdio da “Pioneira” no último antar do Edifício Tijucas. Num espaço de apartamento de solteiro, havia o estúdio, com duas câmeras semi-profissionais, onde el produziu, criou, dirigiu teleteatro, show musical, programas com público presente, jornalismo etc. Se fosse indicar entre tantos os que conheci em meus 40 anos de atividade na TV, Renato Mazaneck seria o Medalha de Ouro da Televisão Paranaense.
Concordo plenamente sobre o nosso Renatinho. Agora, dizer que a TV local não fez celebridades… Ora, meu caríssimo Jamur, você foi uma delas, que brilha até hoje e cujo nome nunca foi esquecido. O seu marketing era a sua atuação.
Além de grande talento, mestre de tantos, o Renato Mazaneck é um grande caráter. Uma figura admirável.