por Ayrton Baptista Junior, o Tusquinha, no portal Bem Paraná
Consagrado na Rádio Clube Paranaense, Mário Vendramel transferiu em 1970 para a TV Paranaense a animação de seus programas de auditório. E repetiu o sucesso! Durante mais de trinta anos, gincanas colegiais, sorteios, anônimos calouros e artistas consagrados ocuparam o mesmo palco, aos sábados. Alguns dos famosos: Blindagem, Gilliard, Dóris Monteiro, Perla (a paraguaia, não a do funk) e Gilberto Gil, que cantou ‘Não Chore Mais’, quando o programa já estava na TV Iguaçu, em 1979.
Vendramel apresentava, escolhia o elenco, atraía anunciantes e ainda tinha fôlego para percorrer o interior do estado com o ‘Festival de Valores Novos’. De vez em quando, percebia que não podia estar em dois lugares ao mesmo tempo e chamava o amigo, produtor e xará Mario Celso Cunha para substituí-lo. Mario Celso, aliás, comandou aquelas tardes por dois anos, devido ao grave acidente automobilístico sofrido pelo titular, em 1979, quando voltava de São Paulo para Curitiba.
Curioso para ver como funcionava a estrutura do ‘Programa Mário Vendramel’ fui ao auditório do canal 4, a TV Iguaçu, em 1981. Poltronas de teatro eram as das primeiras fileiras. A multidão de trás se aglomerava em uma estrutura metálica, como as utilizadas nos circos. Era tamanha a aglomeração que mal se via no vídeo a estrutura, o que dava a impressão de que o público todo estava nas poltronas… Por falar em circo, a pipoca era de graça, assim como a Pepsi e o cafezinho Jubileu F.
Naquela mesma tarde de sábado, compreendi o fenômeno da sincronia dos movimentos das dançarinas, as ‘marietes’. Por que elas nunca erravam o movimento? Muito simples! No canto, havia uma bailarina-mãe, digamos assim, que ditava o ritmo e os gestos. As outras a imitavam.
O mais fascinante, porém, foi notar um jogo de três câmeras, sendo uma de mão. Do meio da plateia, um cameraman focalizava o artista que estava no palco. Outro fazia o sentido inverso: do palco pegava a imagem da plateia. Já o encarregado da câmera de mão, em um canto do auditório, focava um balão de aniversário, uma bexiga cheia. Três câmeras ligadas e uma bexiga causavam no vídeo uma fantástica fusão: o cantor no centro da tela e o público ao redor como a emoldurar o artista. O balão que provocava o efeito, a junção dos planos contrários (palco-plateia), só ero visto por quem estava na TV Iguaçu. Uma aula de física saboreada por poucos.
Minha alegria de piá (eu tinha doze anos) foi observar o fervo todo, comparando o que era feito no estúdio e o que aparecia na televisão. Não me ocorreu a ousadia de me inscrever para algum número, talvez porque temesse o temido miado. Se Chacrinha tinha uma buzina, os jurados de ‘Não Faça o Gato Miar’ possuíam uma campainha contra os calouros desafinados. O miado era de apavorar!
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Paulista de Presidente Prudente, Mário Vendramel começou em Apucarana a carreira de radialista. Ele morreu em 2000, aos 67 anos, na capital paranaense.
Em 2012, foi lançado o documentário ‘Mário Vendramel – 35 Anos no Ar’, de Tatiana Escosteguy.
Que história legal…não conhecia o Mario vendramel. Vejo que presidente prudente, também nasci por lá, tem filhos ilustres pelo mundo e fracassados como eu sao mesmo minoria….
Uma boa lembrança e uma bela homenagem ao grande Mário, Tusquinha. Parabéns pelo texto.