Antes de eu esticar as canelas, talvez volte tudo. Na vida real acho que não vai dar. Queima de neurônios. Nos sonhos, sim. Esperei uns 30 anos por isso, mas veio. Primeiro foi minha turma de ginásio. Compareceu em peso, a gente zanzando numa feira livre, lá na nossa vila marcada a fogo na alma. A missão era uma só: comer pastel. Em sete, juntamos a grana. Deu para comprar quatro. Um sorteio definiu o felizardo que ficou com um inteiro. Palmito. Os outros, metade cada um. Sobrou um troco e o copo de garapa foi repartido. Felizes. Na mesma noite, algo mais emocionante. A filha ainda bebê, gordinha, na banheira – e o paizão ali ensaboando e recebendo o sorriso mais lindo e os olhares que deveriam ficar para sempre. Ficaram. Mas antes, durante anos, tudo se apagou. A única forma de saber que nem tudo foi coisa pesada era através de fotos. Ah!, que sonho foi mais que real. Veio lá de não sei onde – para acalmar e cantar o amor.
Estás cada dia melhor, ô Da Silva.
Maravilharia durar, como disse o Leminski.