por Renato de Moraes
Na semana em que a advocacia comemora, simbolizada no dia 11 de agosto, sua data maior, temos a obrigação de reverenciar nossos cânones, principalmente os que já partiram e deixaram lições e ensinamentos que servem de farol às novas gerações.
Ouso descumprir a missão para abordar tema que, sinceramente, não deveria merecer duas linhas.
Ao revogar a decisão do ministro Dias Toffoli que determinara que a autoproclamada “lava jato” compartilhasse com a Procuradoria-Geral da República todos os dados colhidos pelas forças-tarefas, o ministro Edson Fachin prestou um desserviço, ao menos à minha curiosidade.
Andou bem o ministro presidente, digo logo, ao acolher reclamo do procurador-geral da República, dando à luz luz, afinal de contas, diz a máxima: “Quem não deve não teme”.
Desde a instauração da “república de Curitiba”, intrigou-me, geograficamente, como a Avenida República do Chile, sede da Petrobras, no centro da cidade do Rio de Janeiro, onde todos os comandos e/ou desmandos alegadamente praticados por diretores, gerentes, empresários, lobistas cambistas etc. se teriam consumado, foi parar na Anita Garibaldi.
Olhando o globo terrestre nunca encontrei explicação minimamente lógica, ainda que concordasse com os “olavistas”.
Quando o procurador-geral Augusto Aras anunciou que a “lava jato” de Curitiba possui dados de mais de 38 mil pessoas, pronto a abrir a “caixa de segredos” que poderia aclarar-me a inquietação geográfica, veio a decisão do ministro Edson Fachin, em 03 de agosto, ao que parece, uma das primeiras decisões do magistrado ao retornar à labuta.
Não me entenda mal, ministro Edson Fachin, até porque tenho por Vossa Excelência as maiores referências como advogado e jurista, inclusive no célebre discurso veiculado nas redes sociais, ladeado pela ex-presidente Dilma e outros integrantes do Partido dos Trabalhadores. Inegável sua dedicação, enquanto advogado e jurista, à causa da liberdade, que meu avô, Evaristo de Moraes, meu pai, Evaristinho, e o padrinho Evandro Lins e Silva abraçaram como razão de viver.
A questão é matar uma curiosidade. É individualista.
Daí suplico a todos que tiveram e têm acesso à “caixa de segredos” dos 38 mil bisbilhotados, quantos possuem domicílio na “república de Curitiba”? Só isso. Mais nada. Resolvo meu quase dilema, que me assombra toda noite, como se não passasse no vestibular por zerar a prova de Geografia.
Como não se pode acreditar em advogado, reza outra máxima, já brindei meu avô, meu pai e o advogado Evandro nesta semana de congraçamento da classe, mesmo que virtual, e, lembrando os vivos, estendo minha saudação a José Paulo Sepúlveda Pertence, Pedro Gordilho, Técio Lins e Silva, Nelio Machado, José Roberto Batochio, Nabor Bulhões e a todos os outros — poucos — advogados que não deserdaram do seu sacerdócio.
Salve a democracia, salve a resistência democrática, salve a advocacia, salve Sylvio Capanema.
*Renato de Moraes é advogado criminal e ex-diretor do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB).
*Publicado no Consultor Jurídico
A coisa mais gostosa de ler nas redes sociais hoje são os textos engraçados do Padrella,não aguento mais tanto lero com Toffoli,Gilmar,Bolsonaro e outros delinquentes menores,parece ‘bolero de Ravel.