por Alvaro Costa Filho
Nem o realismo mágico de García Márquez explica tantas situações absurdas e inverossímeis
A realidade é mágica. Não invento nada. Não há uma só linha nos meus livros que não seja realidade. Não tenho imaginação.” A confissão de Gabriel García Márquez jamais esteve tão visível e palpável como hoje no país das emas, das quase 90 mil mortes por Covid-19 e dos quatro milhões de comprimidos de cloroquina estocados.
Na semana passada, um grupo de baloeiros armados invadiu o aeroporto Tom Jobim para resgatar um balão com 18 metros de altura que havia caído na pista e por pouco não provocara um acidente gigantesco. Os criminosos trocaram tiros com a polícia e fugiram num barco. Havia uma recompensa de R$ 5 mil para quem recuperasse o artefato de papel de seda, cangalha e boca de ferro e fogo. Nem Rubem Fonseca, que escreveu um conto criminal intitulado “O Balão Fantasma”, tinha ido tão longe.
Para explicar a enfiada de situações absurdas e inverossímeis em que a sociedade está mergulhada, alguém bolou uma frase que desde 2016, ano do impeachment de Dilma, passeia nas redes sociais: “O roteirista do Brasil devia ser demitido”. Pensando melhor, ele devia ganhar em dobro, por entender como ninguém as mazelas do público a que se dirige.
Além de exagerado e sem graça, o roteirista apela para surrados clichês. A carteirada do desembargador, com direito a falar francês, chamar o guarda de analfabeto e rasgar a multa por não usar máscara, é um método de humilhação estabelecido há 500 anos.
Contudo, o ponto alto do blockbuster “Deu a Louca no Brasil” é a dramatização da pós-verdade. Na trama, um celerado que ocupa a Presidência, e se disse contaminado pelo coronavírus, levanta uma caixa de cloroquina para adoração de apoiadores. Em outra cena, oferece o remédio que não tem eficácia no tratamento da Covid para as emas do Palácio da Alvorada. Salvem as emas enquanto é tempo, porque a população morre no fim do filme.
*Publicado na Folha de S.Paulo
COMO SEMPRE EU DISSE,PRA VIRAR BANG BANG SÓ FALTA O ENIO MORRICONE(CHUIFHH)COM UMA LINDA TRILHA SONORA.ESSE É O BRASIL DOS HOMENS DE FAMÍLIA,.
Tá, mantemos o distanciamento, usamos máscara etc. Assim não se pega nem resfriado. Mas a idéia em si, de distanciar as pessoas e proibir aglomerações, é típica ferramenta de regimes totalitários. Não só em relatos distópicos, mas na própria realidade, sempre mais aterradora: apartheids, fascismos de direita, de esquerda. Espero que esta situação atual entre para a história como um experimento duvidoso, como a Lei Seca dos anos 30 nos USA.
Ontem vi uma pergunta de um imbecil por nome de Adriles,um fala fino da Jovem Pan para a cientista Natalia Pasternak ,mais ao menos igual ao comentário do sujeito acima,sobre isolamento social.
Ela ficou boquiaberta ,meio que não acreditando na imbecilidade do sujeito.
Nossa Frik, devia mudar seu nome para Freak, tamanha a confusão mental de que padece.
Esse tipo de observação “ferramenta típica de regimes autoritários” é coisa de paranóico, daqui a pouco sai com essa de que a terra é plana e a ditadura comunista trouxe o covid para o bananão.
Ouvi a Dra Pasternak, que rima com a Secretária do Greca, Huçulak. Muito do que ambas colocam e respondem hoje coincide com o que já prevíamos desde março.