12:01A veneração do horror

por Mário Montanha Teixeira Filho

Quantas mortes poderiam ter sido evitadas?

Quando tudo acabar, o mais provável é que a pergunta se apague, esquecida num canto poeirento da história. Não haverá culpados. Os que cultuaram a peste com honras militares, negaram a existência de corpos empilhados em valas improvisadas, espalharam mentiras, perdigotos e ilusões de cura, os insensíveis à tragédia, os individualistas, os alienados, os hipócritas, todos eles seguirão o caminho traçado, a normalidade egoísta. Não lhes interessa – nem lhes interessará – saber quantas mortes poderiam ter sido evitadas.

Aos poucos (agora, já), a pergunta murcha, se apaga, como se apagam vidas aos borbotões. E daí? – disse o monstro. E daí? – o rebanho fez eco. Nova era, deuses cruéis, castigos exemplares. Simples assim: venerar a treva ou deixar de ser. Ninguém contabilizará quantas mortes poderiam ter sido evitadas.

O cenário do horror, eis aqui – o triunfo da vingança, a destruição.

4 ideias sobre “A veneração do horror

  1. Frik

    Que humor do cão, hein… Tem gente demais se recuperando rápido da gripe, né? Principalmente aqueles a quem desejais a morte.

  2. SERGIO SILVESTRE

    Alem do GADO conta com policia federal e militar particular,ai fecha tudo e bombardeia,

  3. Engenheiro Agrônomo

    Excelente crítica! Parabéns ao blog por dar espaço a textos de tal qualidade!

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