DIÁRIO DA PANDEMIA
- Hoje me superei. O dia não tinha clareado e já comecei o arranca-rabo, fazendo voz ora de homem, ora de mulher. “Bandido! Eu não passo de um pedaço de carne para você!” “Eu bem sei o pedaço de carne que faz tua cabeça”. “Tire as mãos de mim! Pare! Assassino!” E meu vizinho: “Mata logo essa louca e se mate depois!”.
- Na cama disse à mulher “eu te amo”, ela respondeu “ama, nada”. Foi só ela falar em manada que o gado invadiu o quarto mugindo endiabrado, gritando Fora PT e abaixo o Congresso e, pronto, ninguém mais conseguiu dormir.
- Pergunto para mim: É de sua livre e espontânea vontade que você decidiu recolher-se à singeleza da vida monástica, seja lá o que isso signifique, para encarar um lance contemplativo? Respondo: Sim. E eu de novo: Então, não me encha o saco.
FATOS QUE NÃO SE PODE PROVAR: Depois de receber cartas de Portugal, D.Pedro I montou a cavalo, desembainhou a espada e perguntou ao seu cavalariço, seja lá o que isso signifique: “E agora, o que eu faço?” O mancebo sugeriu que proferisse uma frase qualquer, onde entrasse a palavra Morte, que assusta e impõe respeito. Tinha um polaquinho, até era de Curitiba, que sempre acompanhava o príncipe nessas ocasiões, e sugeriu assim que ele utilizasse a palavra Independência em sua frase. Pedro ficou sem saber o que dizer. Com a espada bem levantada, exigiu esclarecimento. “Afinal, falo Independência ou Morte?” Imediatamente, Pedro Américo pintou um quadro muito bonito. Dá pra ver o polaquinho.
Será que foi por causa dessa espada ereta,tesa,exponencial, que o Brasil começou a ser fodido.