DIÁRIO DA PANDEMIA
- Quando fui criança, em Palmeira, saía de casa a andar pela Rua Conceição, e nunca ia além do cemitério. Até aí, nenhuma novidade. Não é o que todo mundo faz?
- Só para me distrair resolvi botar um vestido da finada. Meti também um batom bem cheguei. Não abri mão da peruca loura que cobria os ombros. Dei um trato nas unhas, esmalte de cor máscula porque sou um homem sério. Botei também uma cor na face. Desequilibrado nos saltos Luiz XV. Bem nesse dia filhos e netos inventam de me visitar.
- Pelo menos uma alegria a pandemia me trouxe: Toda vez que olho no espelho vejo meu avô.
Gênio