por Dalton Borba
A pandemia da Covid-19 chegou com força máxima ao município de Curitiba. Semana após semana, nossa cidade registra recordes diários de números relacionados ao coronavírus: já são 2.885 casos confirmados, com 109 mortes e altas taxas de ocupação de leitos exclusivos de UTIs do SUS reservados para a doença. Há um risco iminente de colapso do nosso sistema de saúde público. Se por algum tempo conseguimos ficar em uma situação relativamente controlada, agora estamos presenciando uma curva de crescimento alarmante.
E o mais preocupante é que, além da pandemia mundial, o curitibano precisa se preocupar com uma gestão pública totalmente equivocada. O descaso do poder executivo impressiona e não é de hoje: desde março, o nosso mandato vem cobrando uma postura mais efetiva da prefeitura de Curitiba sobre distanciamento social, que nunca foi aplicado da forma correta. O transporte coletivo continuou problemático, com ônibus e terminais cheios de gente sem escolha, sem alternativa alguma.
Ainda em março, denunciamos o fechamento de 37 Unidades Básicas de Saúde por parte da prefeitura, sob o pretexto de “reorganização do sistema”. Quatro delas foram reabertas em maio, mas as outras 33 seguem fechadas, em plena pandemia mundial. Esses fechamentos têm impacto seriíssimo na vida de uma parte muito grande do povo de Curitiba, que agora precisa se espremer em ônibus lotados e enfrentar filas ainda maiores para conseguir atendimento em outras UBS. Ah, vale lembrar — nenhuma data foi estipulada para o retorno do funcionamento dessas Unidades.
Enquanto isso, o prefeito Rafael Greca já investiu R$ 250 milhões em asfalto, e agora quer emprestar mais R$ 60 milhões para as empresas privadas de transporte público. São R$ 310 milhões que poderiam, em uma conta simples, serem divididos em empréstimos de R$ 30 mil para auxiliar mais de dez mil micro e pequenas empresas da cidade. Ou seja, não somente pessoas físicas sofrem em Curitiba.
Depois vieram mais mudanças abruptas de direcionamento. Delas, talvez a mais flagrante seja o ato de alterar a própria palavra. Porque se havia alguma esperança de coerência na assinatura do decreto do Alerta Laranja, que limitaria significativamente a circulação de pessoas — e, consequentemente, do vírus —, essa esperança se dissipou totalmente quando a prefeitura voltou atrás e permitiu a abertura de shoppings e academias de ginástica. Na última sexta-feira, entretanto, em mais um episódio dessa saga de mistérios e contradições, um novo decreto proibiu novamente a abertura dos locais de prática desportiva e limitou o horário de funcionamento dos shoppings. Ficou confuso? Pois é… Essa falta de lógica desorienta a cabeça de qualquer um.
Agora o prefeito aparentemente se cansou de ser confrontado com a realidade. Nos últimos dias, Rafael Greca resolveu entrar em uma ofensiva contra todos que tentam apontar dados verdadeiros e discutir as incongruências de sua gestão. Gasta tempo ofendendo seus opositores e virando as costas para o gigante desafio que se apresenta hoje: o enfrentamento consistente à covid-19.
A situação é muito grave — e essa não é uma questão de opinião. No último domingo, 21 de junho, o próprio Conselho Regional de Medicina do Paraná emitiu uma nota sobre o perigo de desabastecimento de insumos e remédios utilizados para a ventilação mecânica, o que pode afetar diretamente o tratamento dos pacientes de covid-19.
É assustador perceber que, infelizmente, no pior momento da pandemia, Curitiba está ao léu. O poder executivo não para de cometer equívocos gravíssimos e chegou a um ponto em que atrapalha muito mais do que ajuda o nosso povo, as nossas famílias. O único destaque positivo em tudo isso fica por conta da atuação dos nossos funcionários públicos, que, mesmo com a falta de recurso e de suporte, seguem na linha de frente das nossas defesas. Ainda que a prefeitura não dê subsídios, esses guerreiros estão batalhando para cuidar da nossa segurança, da limpeza das nossas ruas, da saúde do nosso povo.
Hoje, cabe apenas a cada morador de Curitiba a tarefa de cuidar de si mesmo e dos seus. A coisa está ficando muito feia na nossa cidade, amigos, e somente juntos podemos sair dessa. Contamos com o seu apoio.
*Dalton Borba é vereador em Curitiba
Prefeito Greca, Academia de Ginástica é atividade essencial? Responda por favor!
Mas é o povo que não ajuda.
Sai pra nada.
Sai pra ver quem tá na rua.
Outro dia 2 idosas se encontraram e estão com Covid 16 dias depois, passaram para os filhos.
Precisa sair, precisa ver o que acontece.
Deixe só os que PRECISAM sair.