Ela se olhou no espelho
Nada a lembrou do que era
Aquela cicatriz no peito
Ficara atônita com o risco
Que afundava-se no coração
Sentiu amor, então
O sangue pulsando na veia
A respiração mais ofegante
Um olhar de diamantes
Um beijo que a fez chorar
Passou a tarde a cantarolar
Como um pássaro solitário
E no armário
A roupa que vestira
Quando a chuva a molhou
Por inteiro
Cheiros de primaveras juvenis
Sábados comuns na varanda
Livros que nunca mais quis
Abrir para ler o passado
A renovação veio como um raio
Que a partiu em dois pedaços
Um ao lado do escuro
Outro em cima do muro
E se juntou como a um barro
Moldou a nova alma
E morreu de intensidade
Era a morena da cidade
Onde nasceu para reviver
Uma história que se conta ao quadrado
E ao lado dela, um soldado
De madeira e de suas brincadeiras
Abrira a memória como um baú
E sorriu para a dor que escorreu
Como leite de seu seio
Era a primeira vez
Que olhava para ela sem medo
Se escutar os estalidos dos gravetos secos,se o tordo silenciar,vem até a sacada e me jogue as tranças.