Mandou encostar no canto da parede. A sala de aula era toda em madeira. Primeiro, fiquei rubro, como no dia quem que, ali mesmo, caí porque levantaram o assento da cadeira. Seria o tamanho da minha cabeça, ressaltada pelo corte “topete de bode” que meu pai ordenava o barbeiro fazer? Primeiro ano? Segundo? Não lembro da professorinha que mais tarde Maurici Moura eternizou com aquela canção. Sim, tinha o sino para a hora do recreio e saída. Ninguém me esperava. A casa era perto. O medo era o mesmo de hoje. Por isso chorei muito no primeiro dia de aula. Mas fui. Vou. No canto da parede o cheiro da madeira. Era pintada de verde. Fiquei todo o tempo ali, de costas para todos. Continuo. Depois, ninguém me acalentou. Alguns ainda tiraram sarro. Por que fui parar ali? Sim, uma bola de papel sendo devolvida. A professora virando-se bem na hora. Ser pego no flagra. Sempre. Sem saber o que fazer. Não fico mais vermelho. Apenas perco tudo, fico apenas com ar feito um joão-bobo pronto para levar porrada. Para piorar é que não tem mais aquela madeira para me inebriar.
Se só apanha quem está devendo
Por que bater
Em quem está se batendo?
(Grande texto, Zé!)
Me fez lembrar o caminho da casa que morava-mos de favor com meu Tio Guera,rua de chão e bem ali a sede do “cordão dos pretos”,eu já tinha a tabua do muro de madeira solta,corria para o pé de goiaba e pegava alguma das frutas que seria meu lanche na escola.