17:39Mauro Ricardo, sempre

Da FSP

‘Faz-tudo’ de governos tucanos assume nova secretaria de Doria

Pasta retira funções atribuídas a Meirelles, em baixa na crise, e ao vice Garcia

O governador João Doria (PSDB-SP) decidiu criar a Secretaria de Orçamento, Gestão e Projetos do estado, que será ocupada por Mauro Ricardo Costa, que deixou a prefeitura da capital no mês passado.

Com a medida, serão retiradas funções da Secretaria de Fazenda, de Henrique Meirelles, e da de Governo, chefiada pelo vice-governador, Rodrigo Garcia (DEM). A situação política dos dois secretários é, contudo, díspar.

Presidente do Banco Central nos dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT, 2002-10) e titular da Fazenda sob Michel Temer (MDB, 2016-18), Meirelles era a maior estrela daquilo que muitos viam como um ministério em teste pelo presidenciável Doria.

O prestígio do secretário foi considerado fundamental para as iniciativas de atração de investimentos para o estado em 2019, especialmente no exterior, mas a crise da Covid-19 mudou o panorama.

A emergência , na visão de auxiliares de Doria, encolheu a estatura política de Meirelles no secretariado. Em reuniões internas, o protagonismo decisório foi transferido a outros membros da equipe, e o plano de reabertura da economia ganhou como porta-voz a secretária Patrícia Ellen (Desenvolvimento Econômico).

E conversa com a Folha, Doria nega tal versão, e afirma que Meirelles segue “prestigiadíssimo”. Para o governador, o trato da economia durante a grave crise sanitária é vital, e a experiência do ex-ministro, fundamental para o projeto de retomada quando o pior da pandemia passar.

Já no caso de Garcia, não há relatos de desgaste interno. A medida visa desafogar o vice, que é uma espécie de feitor do governo estadual, concentrando o dia-a-dia da administração —ele que coordenou o plano de corte de gastos durante a pandemia.

Além de cuidar de ordenamento de gastos, o vice-governador também precisa cuidar da articulação política estadual.

A função deveria ser feita por Gilberto Kassab na Casa Civil, mas as denúncias de caixa dois que atingiram o presidente do PSD o colocaram numa licença sem prazo para volta antes mesmo de assumir o cargo.

Nas tradicionais reuniões de secretariado que ocorriam às sextas, antes da pandemia, ele era o único autorizado da portar um tablet, no qual acompanhava a execução de programas de todas as secretarias com índices de desempenho.

Mauro Ricardo é um velho conhecido de governos do PSDB. Foi trazido para a vida pública por José Serra, quando o tucano foi ministro do Planejamento de Fernando Henrique Cardoso.

Em 1996, assumiu a Superintendência da Zona Franca de Manaus e ganhou fama de técnico implacável ao promover uma faxina nas práticas obscuras do órgão —acabou fritado pelo então governador Amazonino Mendes (PFL), que condicionou sua saída para apoiar a emenda da reeleição de FHC.

Visto com um “faz-tudo”, depois passou por outros órgãos federais, como a Fundação Nacional de Saúde. Em 2013, foi chamado por antigo aliado dos tucanos, ACM Neto (DEM-BA), para ser secretário da Fazenda de Salvador.

Dois anos depois, desembarcou em Curitiba e ficou até 2018 como secretário da Fazenda do governo do Paraná sob Beto Richa (PSDB), onde aplicou um ajuste fiscal que incluiu aumentos de impostos, criticado por adversários.

Em novembro daquele ano, já fora do Paraná, integrou-se à equipe de Bruno Covas (PSDB), com o compromisso de ficar um ano à frente da Secretaria de Governo.

Acabou ficando até 22 de abril passado, assumindo agora a nova Secretaria de Planejamento e Gestão, que em princípio apenas aproveitará as estruturas existentes das áreas que incorporará.

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