12:12Tiro no pé de Moro

Do Analista dos Planaltos

Lançado com pompa e circunstância para ser o espelho do ex-ministro Sérgio Moro em sua passagem pelo governo federal, o projeto “Em Frente Brasil – Programa Nacional de Enfrentamento à Criminalidade Violenta” repetiu a receita da velha política: saiu do radar sem que tenha produzido resultados palpáveis na melhoria da segurança pública, mesmo considerando que apenas cinco cidades tenham recebido o projeto.

Seu destino é o arquivo morto das iniciativas que consomem recursos públicos, mas não ultrapassam o cenário pirotécnico que as motivam. O pano de fundo desses projetos mirabolantes costuma ser um só: os objetivos políticos que seus autores buscam realizar, sem qualquer vínculo com a real necessidade da população.

Ao escolher cinco cidades para implantar seu projeto piloto, o ex-ministro Sérgio Moro não se constrangeu em confessar que um dos critérios foi “o município apresentar situação fiscal regular, que permite investimentos”, além de boa disposição em realizar parceria com o Ministério da Justiça. Assim é fácil. Se o município pode investir, vai precisar do governo federal para quê?

Com essa premissa, Moro escolheu São José dos Pinhais (PR), Ananindeua (PA), Cariacica (ES), Goiânia (GO) e Paulista (PE). Fincou um pé em cada região geográfica do Brasil. Em São José dos Pinhais, 100 policiais da Força Nacional de Segurança chegaram em 30 de agosto de 2019, para permanecer ali por 120 dias.

Passado o prazo, o projeto sumiu. Nem os R$ 4 milhões prometidos para a prefeitura investir em equipamentos de segurança foram liberados pelo governo federal. Os índices de criminalidade continuam os mesmos.

No início deste ano, o ex-ministro ainda tentou dar sobrevida ao seu projeto, estimando que no segundo semestre incluiria mais cinco cidades. E que o plano poderia chegar às 120 cidades mais violentas do país (só para lembrar, o Brasil tem 5.570 municípios). No ritmo proposto por Moro, apenas no ano de 2042 seu ministério atenderia a todos “os municípios mais violentos”.

O resto do enredo já é conhecido. Moro envolveu-se no balaio de gatos que caracteriza o governo federal (a propósito, veja-se o conteúdo da famosa reunião ministerial no último dia 22 de abril), e dele saiu atirando. Não sem antes ter dado um tiro no próprio pé com esse malfadado “Em Frente Brasil – Programa Nacional de Enfrentamento à Criminalidade Violenta”. Como se toda criminalidade não representasse uma violência às regras de civilidade.

2 ideias sobre “Tiro no pé de Moro

  1. Tosco

    É tudo farinha do mesmo saco. Ao entrar no governo Bolsonaro, Moro igualou-se a Abraham Weintraub, Ernesto Araujo, Ricardo Sales, Damares Alves e outros “ministros” lunáticos… ao sair, não muda nada! Sua “biografia” vai registrar sempre essa passagem pífia por um governo desastroso.

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