Do correspondente em Brasília
A próxima vaga no STF, decorrente da aposentadoria do ministro Celso de Melo no final deste ano, tem tudo para se transformar numa batalha campal onde os sorrisos e tapinhas na frente das câmeras escondem os bastidores repletos de dossiês e plantação de notas em jornais. Disputando desde já o coração de Bolsonaro estão o ministro da Justiça, André Mendonça, e o secretário-geral da presidência, Jorge Oliveira. Por fora, costurando apoios, estão o juiz federal Marcelo Bretas e o procurador geral de República, Augusto Aras, ambos estratégicos em investigações que preocupam a família do presidente. Será a disputa dos terrivelmente evangélicos contra os terrivelmente importantes.
Inesperado
Importante lembrar que a sucessão no STF sempre traz nomes inesperados que correm por fora – e acabam chegando lá. Na última vaga, por exemplo, o hoje ministro Edson Fachin não era o favorito, disputava a indicação com peso-pesados do mundo jurídico, entre eles vários ministros do STJ e profissionais da advocacia com fortes padrinhos. O favoritíssimo nas bolsas de apostas de então era para o conceituado tributarista Heleno Torres, cujo currículo era defendido por ninguém menos que o ministro Ricardo Levandowski – de livre acesso aos gabinetes de Lula e Dilma – e pelo próprio ministro da Justiça daqueles tempos, José Eduardo Cardozo. O nome inesperado sempre ronda Brasília nessas ocasiões, fazendo lembrar o lendário Sobrenatural de Almeida, criado pela genialidade de Nelson Rodrigues, para justificar derrotas da sua paixão, o tricolor das laranjeiras.