de Ticiana Vasconcelos Silva
Os infernos são as noites mal dormidas
A carne moída no liquidificador
Coloco meus dedos a triturar a dor
Para que a posse se faça poça
E a roça seja o nosso amor
Porque a vida é quase desmilinguida
Quando não sentida
Quando apenas vista do arpoador
Eu, que vejo glórias, me fecho em memórias
E vou ao encontro do desertor
Da história que se fez na rede
Da luz de um verdadeiro amor
Porque amar é grande quando a tarde
Se faz consorte de um imperador
Que não sabe se a lua é forte
Ou a sorte de um calor
Ameno, terreno
Ou o corte da própria dor
Todos sabemos que ser menos
É seguir em frente ao perdedor
De simplórias significâncias
De ampla convicção
Mas se o sol se faz de acácias
Não se morre de perdição