de Oberlan Rossetim
Sinto angústia ao ver o café e ao ouvir o violão. Eles saíram de mim sem aviso. São idênticos ao pouco a que me arrisco. Tenho corpo, palavra dita, verbo feito (alguém além): a única coisa que me foi revelada de mim. A despeito disso, o desconhecido.
Vou ao café e ao violão. Alguma coisa minha precipitou-se em ser quase o café e o violão. Quase semelhança. Essas coisas estão mais para erro. Por que café e violão? Onde foi parar tudo o que deixei de ser para poder me aquecer e compor? Todas as minhas possibilidades queriam-me café e violão. Não a música ou o gosto na língua, que isso já são outras saudades, outro modo de eu desconhecer-me em identificação.
Bebo-me, quente. Toco-me, popular.
Devolvi-me a mim.