20:50Bebês sem pátria

de Oberlan Rossetim

O mistério congelava o seu olhar. Uma solidão funda sugava tudo o que ela pensava. Sua memórias desfiavam-se (fibras desgastadas) com o choque entre as suas dúvidas. Cada pensamento tinha a ânsia de quem deve até para quem não vive mais, e não poderia cobrar qualquer imposto moral.
Sua personalidade arredia, feita essencialmente de lua depois das nuvens, é um esconderijo. Ali, muitos sorrisos e caridade vivem como lobos distantes da luz do dia.
Um peso, um código e um prazer disfarçado. O desespero alheio era o seu álibi. Podia, assim, mostrar-se segura.
Em sua alma, os bebês viviam sem pátria.

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