de Mário Montanha
Assim, sem razão aparente,
meus olhos se distraem no horizonte,
onde não há estrada nem ponte nem gente,
onde tudo é possível e nada existe.
Assim, sem razão aparente,
meu corpo cuida de apagar o fogo
que me consome num sonho delirante
em que o amor sussurra inutilmente.
Assim, sem razão aparente,
alcança a dor imensa e funda da ausência
o meu sentir, lágrima reticente
que o escuro abraça e seca para sempre.