por Marcial Carlos Ribeiro*
Aposentado aos 78 anos tenho crises de inspiração, pesadelos e, também, sonhos. Quando escrevo objetivo raciocinar e, ao divulgar, contribuir de alguma forma para o meu país.
Recentemente escrevi sobre meu sonho em dois livros, quase uma autobiografia, relatando fatos emocionantes e algumas citações úteis para nos conduzir para uma vida melhor.
Tenho utilizado o meu tempo para entender fatos históricos e, quem sabe, entender os nossos dias.
Me refiro aos personagens da história: Trótski (russo) e Hitler (alemão). Acrescento as cruzadas (os templários), o islamismo, a profusão de igrejas com finalidades discutíveis.
Trótski foi o grande incentivador do comunismo russo, seu idealista e inspirador. Seus discursos comoveram o grande país que vivia sob o domínio de gerações dos tsares e tinha como objetivo um comunismo idealista para outras nações.
A recepção de seus ensinamentos se estendeu diante de uma população oprimida por impostos, trabalho escravo. Se se conhece o regime czarista, onde a opulência e a riqueza existiam para os donos do poder, se poderá entender a situação do povo. Assim surgiram as mentes de Lenin e Stalin que dominaram aquele grande país até quase nossos dias. Uma característica de então: a pouca cultura do povo, a educação limitada aos que tinham poder econômico. Até que “a revolução do povo russo” em atitudes drásticas, criou o regime comunista com o extermínio do último Czar e toda a sua família. Foi Trótski a figura central da revolução russa em 1921, que ruiu no início dos anos 1990 substituído pelo sistema democrático.
Agora, o sistema oposto, que surgiu na Alemanha sob o comando de Adolf Hitler. De origem austríaca, Hitler fez vários concursos e não foi aprovado em nenhum. Já na Alemanha decidiu por engajar-se no exército alemão na I Guerra Mundial recebendo até uma homenagem pela sua participação no conflito.
Exatamente esta derrota alemã trouxe enormes dificuldades para a Alemanha do ponto de vista econômico, rarefação para o trabalho, fazendo que Hitler surgisse como a nova esperança para toda uma população com o surgimento de uma nova Alemanha. Conquistou a confiança do povo e tornou-se chanceler e a maior autoridade do Estado.
Incutiu no espírito das pessoas poder na conquista de outros países, o que foi o determinante para a II Guerra mundial com ações que até hoje horrorizam os povos, principalmente o extermínio de judeus.
Na Netflix, sob o título “Resurrection” capítulos emocionantes, com horas de apresentação, resume a história do Islamismo cujos princípios surgiram em territórios da Síria e Turquia.
Aspectos dos Templários que representavam o exército da Igreja Católica são expostos, e preocupantes, porque também aqui estão envolvidos os islamitas que com seus profetas expandiram a fé. Ou os mongóis que eram dispostos a destruir tudo. Travaram-se batalhas épicas com mortalidade previsível, mas em nome Deus (para os católicos) ou de Alá para os islamitas, e não sei em que nome para os mongóis. O que importa nesta análise era de que todos matavam em nome de seu deus. Tudo acontecia para lembrar os seus profetas, muitos dos quais a história deixou gravada. A cidade Síria em destaque é Alepo, onde se travaram grandes batalhas, e, infelizmente, com conflitos até hoje em andamento, com destruições de populações, crianças, mulheres, jovens que ainda nos assustam. Aqui se opõem o espírito do ser humano de bons princípios, colaborador por suas ações, com traições horripilantes, (tudo em nome de seus deuses). Estas históricas guerras entre os católicos (Templários) e os islamitas promovidas pelas disputas de Israel para a reconquista da Jerusalém ainda continuam.
Como se sentiria Deus com o que foi feito ou continua sendo feito em seu nome? Como analisar hoje a multiplicidade de igrejas, todas utilizando o nome de Deus, que surgem com motivos não esclarecidos, utilizando princípios absolutamente não verdadeiros (como a venda da chave do Céu), mantidas pelo dízimo dos fiéis, que tornam-se poderosas, criam forças políticas e atuam em interesses não certamente universais ou verdadeiramente divinos?
Certamente que a Igreja Católica vive uma crise e não é pequeno o esforço do atual Papa para reconquistar a pureza, a indução do amor ao próximo, a reconstituição da família, enfim reconquistar a fé na divindade representada pelo ser supremo. Desta forma seria possível uma vida plena de alegrias, de felicidades, de paz na família e entre as pessoas indistintamente no credo a que se filiam e se poderia alcançar a paz na terra aos homens de boa vontade.
Escrevo estas histórias e recomendo às pessoas assistirem as duas séries na Netflix (Trótski tem oito episódios), para com certeza chegarmos às conclusões muito próximas.
Quando a situação fica caótica para a população, surgem líderes, como os citados, que trazem os discursos que o povo quer ouvir porque acreditam que traduzem seus desejos, necessidades.
Recentemente no Brasil, depois de um sistema que estava encaminhando para o caos, se apresentaram candidatos que ao final do primeiro turno se resumiram a dois, um à direita outro à esquerda.
Venceu quem apresentou o discurso que as pessoas queriam ouvir mas, na prática, há sinais da volta da velha política caracterizada pelo “toma lá, dá cá”. Isso porque, acredito, nossos representantes têm preocupações mais de natureza pessoal do que os anseios de quem os elegeu.
Talvez ainda seja cedo para conclusões, estamos no início do novo governo, apesar de já ter se passado um ano, mas há preocupações. A nossa vantagem está que com nova eleição talvez possamos fazer as escolhas corretas.
Nossas principais necessidades estão na educação, na saúde, na segurança pública, na conquista ao direito do trabalho. A honestidade de princípios pode e deve ser vigiada.
Atualmente enfrentamos uma guerra, a humanidade corre riscos, foi declarada uma pandemia, o coronavírus está aí. Países têm milhares de mortos, como a China, Itália, Estados Unidos e Espanha. No Brasil, ainda estamos aguardando as próximas semanas para ver o que nos espera. Os cuidados com a prevenção e a contaminação têm os princípios de isolamento, lavar as mãos com água e sabão e utilizar álcool em gel. Já há determinações de isolamento para os idosos (entre eles). Haverá desemprego em massa, empresas podem falir. Vamos nos reter nos menos favorecidos, analisar a vida na favelas como as do Rio de Janeiro, são dois milhões de habitantes onde as condições de saúde e financeira são mínimas. A previsão é de que faltarão dinheiro e condições de saúde, de hospitais, de leitos de UTI. Enfim é chocante. Estas favelas surgiram sob olhares de irresponsabilidade de muitos. Até quando isto será possível?
Estas “pestes” já existiram em outros tempos históricos e, ao que aparece, não aprendemos com o passado.
Marcial Carlos Ribeiro é especialista em Hepatologia pelo Conselho Federal de Medicina, autor do livro “Um sonho definiu a minha vida”. Como presidente da Fundação de Estudos das Doenças do Fígado (FUNEF), assumiu o Hospital São Vicente praticamente falido e recuperou-o, colocando-o à disposição da população de Curitiba. Pioneiro no Paraná para a vacina contra a hepatite B para aplicação aos profissionais de saúde utilizando método intradérmico, mais barato e eficiente que o método tradicional. Emérito e ex-presidente a Sociedade Brasileira de Hepatologia. Ex-Attaché Hôpital Saint-Antoine- Université Paris VI. Recebeu a Ordem do Mérito Médico Nacional pela Presidência da República.