Na Idade Média, a Igreja sempre levou muito a sério esse negócio de jejum, e não só na Semana Santa, mas principalmente na Semana Santa. Grande parte do ano era dedicado ao jejum, quando não se podia comer carne. Peixe não é de carne, portanto estava liberado. Mas, a imaginação tem asas que até Deus duvida. Descobriu-se que um animal chamado castor (castor vai em minúscula para não confundir com nome de família) tinha – e tem até hoje, pelo menos os que sobraram – a cauda que com muito boa vontade poderia lembrar um peixe. Pronto. Os bichinhos eram caçados para gáudio dos jejuítas (não confundir com jesuítas), que passaram a comer um rabo sem problemas com a fé. Até aí tudo bem. Daí, a Igreja Católica veio para o Brasil. A obrigação de severo jejum foi mantida na terra da santa cruz. Só que aqui não habitavam castores. Aí, um cara com imaginação fértil observou que capivaras são animais que vivem na água. Vivem é força de expressão. Assim, capivaras e qualquer bicho que ficasse dando mole na água era tratado como peixe, o que enriqueceu bastante o jejum na Idade Média. O que eu não sei eu invento.
Como diria o Gordo do Bamerindus: Esse Padrella…
Li o texto inteirinho, se isto serve de elogio. O “jejuítas” eu dispensaria, pois não aprecio, em princípio, o trocadilho como recurso humorístico. Só uma dúvida: O evidente anacronismo da Idade Média vindo depois do descobrimento (ou invasão como queiram) do Brasil, foi intencional? Às vezes me parece que de fato regredimos a uma era pré-renascentista em menos de um mês.