De Rogério Distéfano, no blog O Insulto Diário

DE NOVO o Brasil reinventa a roda. Agora surgiu a PEC emergencial, emenda urgente à Constituição. Ou seja, a constituição é feita para durar desde que os ingleses inventaram a deles – que lá é uma lei igual a qualquer outra, com a diferença que dura. No Brasil, a Constituição é dura para mexer, mas mole para mudar. Coisa cucaracha.

UMA PEC EMERGENCIAL está aí para cortar salários de funcionários públicos. O relator é o senador paranaense Oriovisto Guimarães, que para quem nunca soube é o fundador do cursinho Positivo, que derivou para a gráfica Positivo, depois para a Universidade Positivo, para a fábrica de computadores Positivo e finalmente para o senador Positivo – bem, este foi invenção de Álvaro Dias, provecto e eterno senador do Paraná, o jovem-ancião, um Dorian Gray dos ternos mal ajambrados, que como o original mantém seu retrato no armário, a envelhecer por ele.

O SENADOR ORIOVISTO é positivo: tem que diminuir salário e carga horária de funcionários públicos, incluídos os essenciais. Apenas alguns essenciais. Nosso senador, empresário, que nada de braçada no dinheiro não essencial da venda de sua universidade, promete estabelecer um divisor no serviço público: os funcionários essenciais e os funcionários não tão essenciais. Azar nosso que a regra não será aplicada aos senadores, tanto quanto os inúteis e inoperantes  nada essenciais e absolutamente irrelevantes. Confira o trabalho do senador e defina sua categoria.

Disclaimer. O autor destas linhas é funcionário público há quarenta anos. Rigorosamente não essencial, inútil e inoperante. Continua na ativa, desde que iniciou enfrentando desvarios e bizarrices administrativas do governador Álvaro Dias – a quem serviu com eficiência inversamente proporcional ao respectivo merecimento.