Do Bem Paraná
Morreu na madrugada deste domingo (5/1), aos 83 anos, o arquiteto Carlos Eduardo Ceneviva. Arquiteto de mobilidade urbana, trabalhou a vida inteira pelo desenvolvimento organizado das cidades, trazendo grande contribuição no modelo de transporte urbano adotado em Curitiba.
Carlos Eduardo Ceneviva nasceu em Catanduva (SP), em 1937. Cursou o ginásio e o científico em Londrina. Em 1968, formou-se na primeira turma de Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), passando a integrar a equipe de arquitetos do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) em 1971.
Já em 1973 assumiu a supervisão de Planejamento do instituto com participação direta no detalhamento dos setores estruturais e na implantação dos ônibus expresso.
Presidiu o Ippuc entre 1979 e 1980, época em que foi implantado na cidade o conceito de Rede Integrada de Transporte, com o fechamento dos terminais e tarifa única.
Adeus, companheiro Ceneviva
Sua competência como arquiteto e urbanista é cantada em prosa e verso por todos que acompanharam sua vida profissional.
Fica um pouco escondida em sua biografia, porém, a importância que teve para o atletismo do Paraná, na condição de festejado campeão de salto em altura, tendo participado de relevantes eventos esportivos a nível nacional, entre os quais relembro com saudades nossa participação nos XXIII Jogos Universitárias Brasileiros, em Santa Maria – RS, no final da década de 60, onde ocupou o mais alto lugar do pódio,
Parabéns. amigo velho. Até um outro dia…
Wilson Portes
Com o desaparecimento de Ceneviva, com quem tive o prazer de trabalhar durante meus longos anos, como jornalista, concursado, na Prefeitura, vai-se um pouco da memória histórica e urbanística de uma Curitiba que viveu seu auge em outros tempos. Já perdemos nomes como Dario Lopes dos Santos, Rafael Dely e outros mais, que fizeram a história urbana – claro, também Fanchette Rischbieter, Dúlcia Auríquio, Milna Leone… lastimamos o ir embora de mais alguém que deixa seu nome no registro urbano e na memória dos que fizeram a construção desse imóvel chamado Curitiba, recheado de histórias. Para nosso consolo, outros veteranos continuam entre nós e honram esse instante de reflexão – a começar por Jaime Lerner e afins. Meu preito a Carlos Eduardo Ceneviva, com quem tive a honra de trabalhar nos áureos tempos do IPPUC.
Um pequeno detalhe, esquecido no comentário anterior: “pai” da Rede Intergrada de Transporte, ao lado, claro, de Lerner e outros expressivos nomes que fizeram história no tempo, Ceneviva foi lembrado, com destaque, na “História do Sistema do Trasnsporte de Curitiba”, edição da Travessa dos Editores, e lançado em 2004, quando, com ajuda de entrevistas de personagens e farta documentação, resgatei a memória urbana nesse segmento, e no qual labutei por cerca de 560 anos – prioritariamente, dando prioridade ao transporte e voltado à mobilidade urbana como um todo. Mais uma vez, gratidão. Obs: o livro, ao que parece, está esgotado.
Grande perda. Grande caráter. Deixa um legado de competência.