Recebi cartas enviadas no passado distante para o outro lado do Atlântico. Gostei de me reler, coisa que me dá medo assim que termino as mal traçadas, como se dizia. Datilografadas, esperançosas, principalmente porque escritas logo após ter fugido do inferno. O destinatário um amigo europeu – que as achou num baú, copiou e mandou de volta por via eletrônica. Dá para notar nos textos uma energia redescoberta, limpa, movida a água, essa que a cada dia me reforça na caminhada de luz, apesar de algumas nuvens de sombras aparecerem de vez em quando – coisa normal na vida de qualquer um. Do que li, não realizei uma coisa: aprender a tocar um instrumento. Na época era cavaquinho o que atraía, mas sempre foi sanfona, pandeiro e até o afoxé que um tio debulhava no conjunto de chorinho que se apresentava no quintal de casa. Tempo bom não volta mais? Quéisso? Sempre está aqui dentro, como o antes, o durante e depois de viver anos no universo paralelo. A sobrevivência é uma dádiva tão poderosa… Nos dá a maravilhosa e única possibilidade de poder comparar como era, como é, como poderá ser. Puxo o folé da oito baixos antiga que guardo com carinho desde que a comprei num antiquário. Faço música – a minha música. Em outros teclados, escrevo, como agora. Invento que é melodia. Torço para que alguém ouça o som e significado das palavras, pois elas são a essência do milagre que sou.
VC não é original tampouco criativo no que escreve.
Pare de escrever você não é original e tampouco criativo.
Qual é a sua, Paulo Muniz???!!!