Tomei um copão de vinho de garrafão, daqueles de deixar a boca e a língua coloridas – mas antes comi uma rabanada. Há 60 anos. Morava no cortiço, mas tudo limpinho. Os homens eram operários. As mulheres, costureiras. Os filhos… seja o que que deus quiser, porque era preciso cuidar dos que levavam marmita todo dia para o batente e seguravam a sobrevivência de todos. Televisão era luxo. Mas neste primeiro porre, aos 6 anos, encasquetei que queria assistir a corrida de São Silvestre na passagem do ano. Naquele tempo a prova começava à meia-noite. Acharam uma vizinha que tinha o aparelho de tubo grande e imagens em preto e branco. Me levaram. Fiquei esperando sentado no tapete no chão da sala. Não conhecia aquela família. Tudo rodava. Me tornei inesquecível para eles. Logo depois da largada, chamei o Ugo. Lavei o tapete. Depois, meu primeiro apagamento oficial. Me levaram pra casa, deram banho de cuia com a água do poço. Acordei no outro dia e aí lembrei da lambança. Parei de beber. Por quase 20 anos. Voltei – e quase morri. Depois do milagre, fiz o que tinha de fazer: fui a São Paulo e corri a São Silvestre. A medalha de participação está guardada com carinho.
Pois é,imagine um leito de morte,alguém te molha os lábios por que tem sede,te da´aquele doce de mamão verde que sempre gostou,vem o derradeiro afago dos filhos e netos e o choro da companheira de tantos anos.
Que merda é o sentimento,nós humanos deveríamos ser privados disso,para quem vai nada mais importa,mas o sofrimento de quem fica.
Mas enquanto estamos por aqui ,eu pensei quando jovem que o mundo acabaria em 2000,contava os dias meses e anos com esse temor,depois já mais cabreiro,com aquela troça que o mundo acabaria em 2012,mas como já estamos quase em 2020,quem sabe a turma do Bolsonaro acabe com parte dele,fico aqui perto da fronteira com o Paraguai,qualquer coisa corro para a ponte .
FELIZ ANO NOVO PARA O JB E FAMILIA E OS AMIGOS QUE BATEMOS UM PAPO QUASE TODO DIA.