De Rogério Distéfano, no blog O Insulto Diário

“BOM DIA!” – o sinal de exclamação para evitar um ‘aaa’ depois do ‘dia’. Em plena manhã de segunda-feira, sala de espera do médico, na Curitiba em que não se cumprimenta vizinho no elevador, aquela euforia era no mínimo estranha, para não dizer exagerada. O curitibano médio – 57% da população, segundo a pesquisa mais recente – só fica eufórico com Lula preso, Bolsonaro eleito e Rafael Greca brincando de prefeito.

MAL TIVE TEMPO de responder, o curitibano logo disse a que veio: “Trago um presente e uma homenagem ao doutor”. Conheço o doutor, ele merece, um gênio, personagem de A. J. Cronin, lembra o professor escocês do qual se copiou o talento de dedução de Sherlock Holmes. Mas não é para tanto. Uma vez fiz isso e ele me respondeu: “depois que os fenícios inventaram a moeda, o problema de demonstrar gratidão foi resolvido”.

ESSE CARA está no pique da mania, deduzi na hora. Mania é o complexo de estágios clínicos de euforia ou de depressão. Passei por isso, ali mesmo, com o doutor. Com a diferença que minha homenagem ficou com dona Teresinha, a secretária. Bacana, ele merece, respondi. O presente, como sempre, é o vinho que os médicos servem para as visitas, em casa. A homenagem, inspiradíssima: o nome do filho: “César Valproato”.

ENGATILHEI e desarmei a pergunta: César do doutor e Valproato, sobrenome? Também sou maníaco. Amanhã, o pai do menino pode estar lá em baixo. Mas valeu a homenagem ao valproato de sódio, santo remédio desenvolvido para a epilepsia, com eficaz aplicação nas oscilações de humor dos bipolares. O doutor deve ter mais afilhados, tipo César Depakote, César Torval, outros nomes de são Valproato.