Do jornal O Globo, por Bela Megale
A delação premiada firmada pela Polícia Federal com o ex-governador Sergio Cabral pode chegar a um território que a Lava-Jato não conseguiu alcançar: o Judiciário. Além de delatar três ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o ex-governador entregou membros do Tribunal de Contas da União (TCU), ex-chefes do Ministério Público do Rio e desembargadores do Estado.
O acordo se restringiu a autoridades com foro privilegiado. Grande parte dos 20 anexos da delação está relacionada a casos em que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin é relator. Com isso, ele se tornou o responsável por homologar a tratativa, e não Gilmar Mendes, que responde pelos recursos da Lava-Jato fluminense no Supremo.
Apesar da grande quantidade de informações dadas pelo ex-governador, a PF optou por não fazer um acordo muito abrangente. Os casos que já tramitam na Lava-Jato do Rio, por exemplo, não estão no foco da PF. Os investigadores buscavam novas histórias que envolvessem os casos em investigação no STF. Também quiseram abrir uma outra frente que pode culminar na Lava-Toga.