por Elio Gaspari, na FSP
Se tivesse lido os autos do processo não teria conversado com ministro defendendo a salvação da senhora
O ministro Sergio Moro não leu os autos do processo que resultou na cassação do mandato da senadora Selma Arruda (Podemos-MT). Se tivesse lido não teria conversado com ministros do Tribunal Superior Eleitoral defendendo a salvação da senhora.
Não devia ter conversado porque não fica bem o ministro da Justiça se meter em casos desse tipo. E também porque nos autos lia-se que a doutora, como juíza, reuniu-se com marqueteiros de campanhas eleitorais. Ela se inscreveu no PSL antes da homologação de seu pedido de aposentadoria. Isso tudo e mais um empréstimo de R$ 1,5 milhão tomado ao seu suplente endinheirado. A senhora era chamada de “Moro de saia” e a cassação foi mantida por seis votos contra um.
Quem conhece direito e o funcionamento do Judiciário fulmina: “Se uma autoridade do Executivo fosse ao gabinete do juiz Moro em Curitiba para uma conversa dessas, arriscava receber voz de prisão”.
Governo acreditou na capacidade de propagar lorotas, e programa de empregos atolou
Planejaram aumentar a arrecadação fingindo que gerariam empregos e deram com os burros n’água
No anedotário de Brasília chama-se o Palácio do Planalto e seus salões de “Cabo Canaveral”. Serve de base para lançamentos de programas e de projetos. Em novembro, Bolsonaro e Paulo Guedes lançaram o Emprego Verde e Amarelo.
Com esse foguete seriam criados 1,8 milhão de empregos formais até 2022. Seu primeiro estágio, conceitual, explodiu quando se percebeu que um programa destinado a gerar empregos taxaria os desempregados.
O segundo estágio explodiu quando a Instituição Fiscal Independente do Senado, a IFI, mostrou que a tunga arrecadaria R$ 12,7 bilhões no andar de baixo. Se tudo desse certo, a renúncia fiscal oferecida às empresas ficaria em R$ 11,3 bilhões.
O terceiro estágio explodiu quando apareceu uma nota técnica do Ministério da Economia informando que o efeito real do programa poderia ser a criação de 271 mil empregos.
Os çábios de Paulo Guedes dizem que o descrédito decorre de um problema de comunicação. Isso é o mesmo que atribuir à má qualidade das tropas romenas o desastre alemão na batalha de Stalingrado. O Emprego Verde e Amarelo atolou porque a ekipekonômica acreditou na sua capacidade de propagar lorotas. A taxação dos desempregados seria uma “inclusão previdenciária”. Tudo bem, bastaria que fosse opcional. Se essa ganância prosseguir, vão taxar quem vive de bico.
Planejaram aumentar a arrecadação fingindo que gerariam empregos e deram com os burros n’água. Esse é um velho hábito da turma de Cabo Canaveral. Como às vezes os truques funcionam, os mágicos passam a acreditar nas próprias astúcias e o preço disso acaba sendo o descrédito da ekipe.
Sonho petista
Nas articulações de chapas para as eleições municipais do ano que vem, muitos petistas acreditam que serão favorecidos porque atrairão os votos de quem não quer “o que está aí”.
Sonhar é grátis, mas Jair Bolsonaro está no Planalto exatamente porque boa parte do eleitorado fez esse raciocínio, ao contrário. Queiram qualquer um, menos o do PT.
Imaginem srs esse Moro sendo presidente da republica e sua “conje”prefeita de Curitiba ou governadora.Ai tem que pegar todos esses eleitores do Paraná e do Brasil e colocar numa baiá.