Da Folha de S.Paulo
54% dos entrevistados aprovam e 42% condenam libertação do petista, que tem mais apoio no Nordeste, entre jovens e menos escolarizados
A maioria da população considerou justa a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no início de novembro, aponta a mais recente pesquisa Datafolha.
De acordo com o levantamento, 54% dos entrevistados entendem que a libertação do petista foi justa, ante 42% que a consideram injusta. Disseram não saber 5% dos entrevistados.
Lula deixou a carceragem da Polícia Federal em Curitiba no dia 8 de novembro, após cumprir 19 meses da pena por condenação de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá (SP).
O processo ainda tramita, e Lula tem parte da pena pendente.
O ex-presidente pôde voltar à liberdade graças à decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que mudou antigo entendimento da corte e considerou inconstitucional a prisão de réus condenados que ainda tenham recursos pendentes em cortes superiores, como é o caso do petista.
Mas Lula permanece, com base na Lei da Ficha Limpa, impedido de disputar eleições.
Na pesquisa, o Datafolha também questionou os entrevistados sobre se eles confiam nas declarações do ex-presidente.
Os que dizem não confiar nunca somam 37%, enquanto outros 25% afirmam que sempre confiam. Afirmam que às vezes têm confiança no que fala o ex-presidente 36%.
O Datafolha também perguntou aos entrevistados sobre o grau de confiança em declarações de Jair Bolsonaro.
O resultado foi mais desfavorável ao atual presidente: 43% disseram nunca confiar no que Bolsonaro diz e outros 37% afirmam que às vezes confiam. Disseram confiar sempre 19%.
Há duas semanas, Lula teve confirmada em segunda instância outra condenação, no caso do sítio de Atibaia (SP). A pena foi ampliada para 17 anos e um mês de prisão. Também nesse caso, ele poderá aguardar em liberdade a tramitação dos recursos.
O processo do tríplex já teve mérito julgado no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, de segunda instância, e no Superior Tribunal de Justiça, que reduziu em abril a pena para oito anos, dez meses e 20 dias de prisão.
A decisão do Supremo Tribunal Federal que permitiu a soltura de Lula e de outros condenados na Lava Jato, como o ex-ministro José Dirceu, ocorreu em meio a um ambiente político de contestação à Operação Lava Jato na esteira da revelação de conversas de autoridades envolvidas na investigação, como o ex-juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol.
Os diálogos divulgados pelo site The Intercept Brasil e por outros veículos, como a Folha, mostraram proximidade entre o então juiz e os procuradores, o que incluiu a indicação de uma testemunha pelo magistrado, a sugestão de ordem de deflagração de fases da operação e a recomendação de troca de uma procuradora em audiência.
A defesa de Lula tenta anular os processos, argumentando que Moro não tinha a imparcialidade necessária para julgá-lo.
O apoio ao ex-presidente, no recorte por faixas da população, é maior entre jovens de 16 a 24 anos e de entrevistados com escolaridade de nível fundamental, faixas em que 61% consideram justa a soltura.
A tendência se inverte nos segmentos de alta renda. A reprovação à libertação chega a 59% entre quem tem renda salarial mensal acima de dez salários mínimos.
Na divisão por regiões, o respaldo ao ex-presidente é maior no Nordeste, onde 71% afirmaram que a libertação é justa.
No Sul e no Sudeste, a corrente que entende que a saída da cadeia é injusta está numericamente à frente, por 49% a 47%, mas dentro do limite da margem de erro.
Na comparação com pesquisas feitas anteriormente pelo Datafolha sobre a prisão do petista, os números indicam uma mudança favorável ao ex-presidente, em que pese a formulação das perguntas ter mudado nesses levantamentos.
Em julho deste ano, já após as primeiras reportagens do Intercept, o Datafolha questionou os entrevistados a respeito da condenação de Lula no caso tríplex. Disseram que a decisão era justa 54%, ante 42% que a consideravam injusta.
Em abril de 2018, logo depois de o ex-presidente ser preso em decorrência da condenação, a prisão também era considerada justa por 54% dos eleitores ouvidos.
Ao mesmo tempo em que mostrou números positivos para o petista, a pesquisa feita neste mês apontou também apoio ao trabalho do ex-juiz Moro, hoje ministro da Justiça de Bolsonaro.
O levantamento o coloca como o mais popular ministro do governo, com avaliação ótima/boa de 53% dos entrevistados.
O trabalho do atual presidente é considerado ótimo/bom por 30%.
Após deixar a cadeia, Lula retomou sua rotina de participação em eventos do PT e de declarações sobre a conjuntura política.
O ex-presidente promoveu um ato ao lado da sede da Polícia Federal, em Curitiba, e fez viagens para o Nordeste e para o Rio de Janeiro, nas quais manifestou uma série de críticas a medidas do governo Bolsonaro, principalmente na gestão da economia.
Ao chegar, no dia seguinte à soltura, a São Bernardo do Campo (SP), seu berço político e onde reside, discursou para militantes, defendeu as manifestações de rua no Chile e afirmou que seu adversário político governa para milicianos.
O ex-presidente Lula também é réu em outras seis ações penais no Paraná, São Paulo e Distrito Federal. Na semana passada, foi absolvido na ação penal do chamado “quadrilhão do PT”, no DF, junto com a ex-presidente Dilma Rousseff e os ex-ministros Antonio Palocci Filho e Guido Mantega.
Datafolha?????? Acredito mais, mas muito mais mesmo na Olga, que ostenta cartaz de em poste na frente da minha casa onde se lê que ela resolve casos impossíveis, traz amor de volta e que tais.