18:58ZÉ DA SILVA

Atravessamos a avenida para tomar café no bar em frente à faculdade. Os três cabeludos. Um negro. Outro com cara de galã e eu com uma bolsa colorida que veio pelo trem da morte lá dos Andes. O papo sempre era sobre a porcaria de curso caça-níquel. Na saída, uma barca freou e, antes de parar, estávamos cercados com policiais de armas apontadas. Encostamos na parede. Eu tentei e achei a carteirinha de identificação que nos livrou da revista e do passeio no camburão da Veraneio. Tenente. O sargento bateu continência e aceitou a explicação real. Entramos no prédio de novo. Lá dentro, quase matei os outros dois do coração ao mostrar o que levava na cueca: uma pacoteira de erva. Não adiantou dizer que era para remédio, mesmo porque naquele tempo não tinha isso.

Uma ideia sobre “ZÉ DA SILVA

  1. Fernando Muniz

    Só quem viveu algo assim sabe reconhecer o terror estampado no rosto dos outros dois.

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