Atravessamos a avenida para tomar café no bar em frente à faculdade. Os três cabeludos. Um negro. Outro com cara de galã e eu com uma bolsa colorida que veio pelo trem da morte lá dos Andes. O papo sempre era sobre a porcaria de curso caça-níquel. Na saída, uma barca freou e, antes de parar, estávamos cercados com policiais de armas apontadas. Encostamos na parede. Eu tentei e achei a carteirinha de identificação que nos livrou da revista e do passeio no camburão da Veraneio. Tenente. O sargento bateu continência e aceitou a explicação real. Entramos no prédio de novo. Lá dentro, quase matei os outros dois do coração ao mostrar o que levava na cueca: uma pacoteira de erva. Não adiantou dizer que era para remédio, mesmo porque naquele tempo não tinha isso.
Só quem viveu algo assim sabe reconhecer o terror estampado no rosto dos outros dois.