6:50Gilberto Larsen, adeus

O jornalista Gilberto Larsen, que colaborou com este blog, morreu ontem. Ele era assessor do deputado federal Sergio Souza e iniciou a carreira em 1972. Num texto aqui publicado, Larsen lembrou os primeiros passos na profissão ao fazer uma justa homenagem a outro que se foi, o grande Renatinho Schaitza, que compunha um timaço no Canal 4, de Paulo Pimentel, formado também por Adherbal Fortes, Francisco Camargo, Jamur Junior, Hugo Santana, Chacon, Sale Wolokita, Ali Chain. Confira:

O primeiro chefe a gente nunca esquece (homenagem a Renato Schaitza)

por Gilberto Larsen

No ano de 1972 quando a imprensa não tinha a liberdade que tem  hoje, comecei a trabalhar como jornalista. O primeiro estágio foi no Canal 4 do Paulo Pimentel. Meus chefões: Renato Schaitza, Adherbal Fortes, Hugo Santana e Francisco Camargo. Minha colega de estágio: Elisabeth Fortes. Foi um tempo de muita aprendizado na Cidade da Comunicação, onde ficavam a televisão, o Estado e a Tribuna do Paraná, e a Rádio Iguaçu, que foi violentamente tirada do ar quando era comandada por Euclides Cardoso. O Renato Schaitza foi um mestre e um sinônimo de comportamento profissional, eficiência e decência.
Da equipe faziam parte o Sale Wolokita, apresentador do Jornal da Cidade, o Chacon sempre disfarçado de Gorgeas, um hipopótamo que tinha duas taras na vida: falar do tempo e paquerar a apresentadora Lais Mann; o Ali Chain, o Jamur Junior, o Haroldo Lopes. Sempre presente na redação estava a Rose, humana, alegre e eficiente secretária do ex-governador. No comando administrativo da TV, o major Vidal. No apoio o Celsinho e o Gabriel. Os dois atuam hoje como cinegrafistas.  Entre todos, o Renatinho trafegando com respeitabilidade.
Lembro  de uma passagem que faz parte da história da televisão paranaense. A primeira câmera sonora do Paraná, uma Auricon, chegou para o Canal 4. O Rosaldo Marx, que fazia dupla com o Jorge Santos na operação das câmeras 16 milímetros que abasteciam os jornais com filmes em preto e branco, foi escalado junto comigo para uma matéria especial em Paranaguá. Lá fomos nós sem experiência nenhuma de câmera com microfone. As entrevistas foram feitas, mas o resultado foi um desastre. Se não fosse a edição, seria a coisa mais esdrúxula do mundo.

Começando pela operação da aparelhagem. Era um trombolho que obrigava o cinegrafista a ter dotes de levantador de peso profissional. Como repórter, gravei tudo com os entrevistados. Quando apontei o microfone para o primeiro entrevistado, deixei de explicar que ele devia ir direto ao assunto e a gravação saiu mais ou menos assim: “Primeiro, meu bom dia aos amigos de Curitiba e á direção do Canal 4. Quero dizer que Paranaguá é isso e aquilo…” Só depois ele entrou no assunto.
Quando retornarmos a Curitiba, apresentamos o material ao Renato Schaitza, que teve a delicadeza de nos dar uma aula de como cinegrafista e repórter deviam se comportar diante da novidade tecnológica. Sua paciência na edição salvou o trabalho. E o nosso emprego.  Assim era o Renatinho no dia-a-dia de uma agitada redação de televisão que liderava o Ibope no Paraná.  Junto eledevem estar o Rosaldo Marx, o Jorge Santos e o  Sale Wolokita. Está pronta a equipe para começar  o Jornal do Céu. O chefe chegou, edite-se. Renatinho chegou com o Ibope da eternidade já conquistado.

2 ideias sobre “Gilberto Larsen, adeus

  1. Raul Urban

    Termino a semana, chocado com o falecimento de Gilberto Larsen, com quem, em variados momentos, trabalhei de forma direta ou não. Lembro bem quando exercia um importante papel, enquanto jornalista, no Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná – o DER. O episódio por ele narrado, concernente ao Canal 4, me era já conhecido, não exatamente de forma tão detalhada. Afinal, eu também estava por lá naquela época, atuando no Grupo Paulo Pimentel. Formado em 1970, mas atuante, profissionalmente, desde 1968, permaneci por seis longos anos na Editora O Estado do Paraná, com passagens, primeiro, na Rádio Guairacá, com Euclides Cardoso e um timaço profissional infindável, para, depois, seguir carreira no jornalismo impresso, com apenas rápida passagem pela TV. Larsen, o conheci aidna como estagiário, cfe narrativa dele acima. No correr destes anos, quantos colegas já não perdemos? Renato Schaitza, Bernardo Bittencourt, Mussa José Assis, Geraldo Russi, Gilberto Mezzomo, o próprio Euclides Cardoso, Machado Neto, Jorge Narozniack, Arnoldo
    Anater… perco a conta e sou injusto ao não enumerar a galeria dos tantos com quem compartilhei o ofício nesses 50 anos de carreira, interrompidos há dois pela aposentadoria – mas ainda ativo, voltado à pesquisa da memória histórica e pronto para atuar, se necessário!
    Larsen, fica o abraço dos tantos que ainda estão aqui e te admiraram no correr desse tempo. Fica em paz, e deixa-nos o legado da experiência desses anos que serviram para, juntos, termos aprendido e apreendido o tanto que a vida nos ensina. A, lembrete: revi Larsen por último ainda no fim de julho, em agência bancária, quando, feliz, dizia imaginar novos projetos editoriais, pensando, até, em, de repente, produzirmos algo interessante mais adiante. Meus respeitos!

  2. Guilherme Larsen

    Caro Zé, bela homenagem. O pai tinha um enorme apreço por você e seu trabalho. Eu também. Infelizmente a batalha contra o câncer é complicada. Mas ele foi sereno, dentro do seu entendimento. O carinho que estamos recebendo de todo mundo diz muito do que ele foi. Velório ocorre hoje, 18h, no cemitério Água Verde, capela 1, sepultamento no sábado, 10h30. Grande abraço.

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